Ensino Superior

A importância do ESG no ensino superior

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Procura pelo termo “ESG” no Google quadruplicou no último ano. Qual é o papel do ensino superior no movimento ESG? Crédito: Freepik.

Se no passado o cuidado com o meio ambiente, as ações de impacto social e a conduta corporativa ética era uma questão de escolha, já não é mais. Hoje, atuar de acordo com padrões de ESG no ensino superior (sigla para Environmental, Social and corporate Governance, algo como melhores práticas ambientais, sociais e de governança) é essencial para a boa imagem e competitividade da empresa – independentemente do segmento.  

Como chegamos até aqui? Um relatório de 2020 da McKinsey & Company dá algumas pistas. O levantamento mostrou que os consumidores estão mais preocupados do que nunca com esse tema. Assim, pressionam as empresas por padrões mais altos de ética social, ambiental e de governança.

Os investidores, por sua vez, têm dado especial atenção – e recursos – às empresas que atendam a esses padrões. A captação global líquida de fundos ESG foi recorde no primeiro semestre de 2021: de US$ 95 bilhões. A informação está no relatório “Global ESG Research – What ESG investors buy and sell”, do Credit Suisse. O valor anualizado (US$ 190 bilhões) seria uma captação líquida 72% maior que a do ano passado (US$ 110 bi).

Outro dado que demonstra o frenesi em torno do ESG: de acordo com dados da plataforma Google Trends, que mostra o volume de buscas sobre um termo no Google, o interesse pelo ESG atingiu, em 2021, seu nível mais alto em 16 anos, informou o jornal Folha de S. Paulo. A procura foi quatro vezes maior que a média do ano passado e 13 vezes superior à de 2019.

Mas onde a educação superior entra nisso tudo? Em duas frentes:

  • Primeiro na gestão: é imperativo que as instituições de ensino superior (IES) se adequem ao novo padrão ouro do mundo dos negócios. O movimento já é realidade, sobretudo nos grandes grupos consolidadores.
  • Segundo, o currículo: entre os propósitos de uma IES está preparar o aluno para o mercado de trabalho. Se a sociedade cobra por práticas ESG, natural presumir que as faculdades e universidades ensinem os alunos a adotar boas práticas ambientais, sociais e de governança.

    Janaina Mortari Schiavini. Crédito: Arquivo pessoal

Por isso o ESG deve ser parte comportamental e natural de uma IES. “Isso pode gerar grande impacto na captação e engajamento dos alunos, especialmente das gerações Y e Z”, afirma Janaina Mortari Schiavini, doutora em administração e co-fundadora do Hub 528Hz.

Além de ofertar cursos que valorizam essas competências, as IES podem criar linhas de pesquisa alinhadas aos objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS), que incentivem a produção científica a partir de problemas que ainda carecem de soluções nas áreas de ESG.

Em sua tese de doutorado, por exemplo, Schiavini explora as plataformas de consumo colaborativo e economia compartilhada como forma de ajudar a promover ainda mais o objetivo 12 (consumo e produção sustentável). Segundo ela, projetos integradores e de extensão orientados para os ODS também podem potencializar a aprendizagem do aluno, incentivando-o a sustentar e criar novas práticas ESG nas organizações.

ESG na pandemia

As IES têm um papel social relevante – o que ficou escancarado nos inúmeros esforços no combate à pandemia. “É no âmbito social que as IES têm grande potencial e responsabilidade em continuar consolidando suas práticas de ESG”, diz Schiavini.

O Centro Universitário ENIAC, de Guarulhos (SP), oferece várias ações nesse sentido – que vão desde suporte psicológico e acolhimento de pessoas com dificuldades emocionais a produção e distribuição de máscaras, equipamentos de proteção individual (EPIs).

Para amenizar os efeitos negativos do vírus na economia, o ENIAC manteve o Feirão de Empregos e criou o Clube de Compras. Este é um espaço no site da instituição que serviu de marketplace para divulgar produtos e serviços de pais ou alunos durante a crise. Ao todo, 153 empresas foram cadastradas.

Muitas outras IES realizaram ações positivas nas áreas ambiental, social e de governança durante a pandemia. Sabe aquela faculdade que ofereceu atendimento médico gratuito às pessoas de baixa renda? Ou aquela que ajudou na confecção de álcool em gel e doou aos hospitais? E ainda, aquelas que adotam procedimentos que buscaram melhorar a comunidade onde está inserida? Todas estavam em sintonia com as práticas de ESG.

Em um evento realizado em maio, a presidente do Conselho de Administração Fundação Tide Setubal e do GIFE (Grupo de Institutos Fundações e Empresas) afirmou que a pandemia aproximou as instituições de ensino das comunidades onde estão inseridas. “A articulação da escola com a comunidade é fundamental”, disse Neca Setubal. “Ela aconteceu na pandemia e deve continuar.”

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