Cursos de graduação de diversas instituições de ensino são oferecidos em convênio com empresas. É o tipo de parceria onde faculdade, empresa, aluno: todos saem ganhando.
A aproximação com o setor produtivo permite que a faculdade ofereça uma formação alinhada à atual demanda do mercado de trabalho. As empresas solucionam problemas de mão de obra – porque os profissionais, recém-saídos do ensino superior, são mais qualificados e competitivos.
A Uniamérica (Centro Universitário União das Américas), de Foz do Iguaçu (PR), foi a primeira instituição de ensino da América Latina a oferecer cursos semipresenciais integrados com o mercado de trabalho. “Em vez de fazer um polo EAD em uma casa ou em uma salinha alugada, por que não levar a sala de aula para o setor produtivo?”, provoca Ryon Braga, reitor da Uniamérica, em entrevista ao Desafios da Educação.
O curso de Farmácia EAD, por exemplo, tem um polo (local onde são realizadas atividades práticas obrigatórias) dentro da Prati-Donaduzzi, segunda maior indústria de genéricos do Brasil.
Outro sede é a da Nutrimental, uma fábrica de alimentos com sede em São José dos Pinhais (PR). Em 2021, o campus chega a seu terceiro ano de operação. O espaço atende alunos de 13 cursos que incluem Administração, Engenharia de Alimentos, Engenharia de Produção e Nutrição.
“O objetivo da Uniamérica é integrar a teoria com a prática, levando aos estudantes cases reais de mercado e ampliando suas experiências profissionais já durante a graduação”, explica Renata Virgínia Moura, gestora pedagógica da Uniamérica.
A Uniamérica também mantém convênios com 200 empresas, ONGs, governos e associações de moradores. A ideia é levar a demanda da comunidade para a sala de aula. Através do site desafios.uniamerica.br, empresários, empregados e quaisquer outras pessoas podem compartilhar problemas. Estes, por sua vez, serão objetos de estudo por universitários que podem elaborar projetos e soluções, sob supervisão dos professores.
À semelhança da Uniamérica, a Urcamp (Centro Universitário da Região da Campanha) fez parcerias com 415 empresas e 175 pessoas de comunidades, como líderes de bairro. A instituição de Bagé, no interior do Rio Grande do Sul, também desenvolveu a plataforma de projetos integradores Sou I onde os empresários compartilham problemas cuja solução é desenvolvida pelos alunos.
A proposta foi criada em 2017, quando a Urcamp decidiu que precisava inovar a metodologia de ensino. “Conversamos com empresários e perguntamos o que o mercado queria do aluno”, relembra o vice-reitor da Urcamp, Fábio Josende Paz, ao Desafios da Educação.
Além da resposta dos empresários, os gestores da Urcamp também colheram ideias ao visitar instituições de ensino do México, EUA, Israel e do Brasil, como a Uniamérica.
Toda quinta-feira, por exemplo, é o dia do projeto integrador. É quando o desafio de uma empresa ou comunidade tenta ser solucionado. O projeto é multidisciplinar, feito em conjunto por alunos de diferentes cursos. Segundo o vice-reitor, o resultado, além do portfólio, é uma maior conexão com o mercado de trabalho. “Temos que parar de formar estudantes e começar a formar profissionais. Para isso, precisamos parar de atrapalhar o aluno.”
Estudantes de Fisioterapia e de Sistema de Informação, por exemplo, criaram um aplicativo para ajudar pacientes que precisam continuar as sessões de fisioterapia em casa. Em outro projeto, alunos de Psicologia desenvolveram um canal de atendimento online e gratuito à comunidade durante o auge da pandemia.
Ao todo, segundo Fábio Paz, a Urcamp já realizou quase mil projetos integradores.
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Já o Centro Universitário UNA e a FIEMG (Federação das Indústrias de Minas Gerais) desenvolveram, no início de 2020, o programa Indústria Jovem. O objeto da parceria é ampliar a empregabilidade, a competitividade e a inovação no estado mineiro.
Com o programa, a UNA promove uma experiência profissional prática aos estudantes – além da criação de novas soluções para produtos e serviços, estágio avançado em todos os segmentos industriais e formação de mão de obra especializada.
“Muitas vezes a indústria recebe um aluno com a teoria, porém na prática tem que treiná-lo de novo”, afirma o reitor da UNA, Rafael Ciccarini. “Tudo o que ele [o aluno] quer, de fato, é proximidade com quem pode empregá-lo.”
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