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O impacto do sono (ou da falta dele) no processo de aprendizagem

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Magda Lahorgue Nunes, vice-diretora do Instituto do Cérebro, explica que uma noite mal dormida desregula o organismo a tal ponto de prejudicar a tomada de decisões, a resolução de problemas e, claro, o aprendizado. Crédito: divulgação.

Magda Lahorgue Nunes, vice-diretora do Instituto do Cérebro, explica que uma noite mal dormida desregula o organismo a tal ponto de prejudicar a tomada de decisões, a resolução de problemas e, claro, o aprendizado. Crédito: divulgação.

A onipresença de luzes, televisores e celulares, bem como a velocidade frenética com que a sociedade se movimenta, transformou o sono em adversário. No afã de aumentar a produtividade diária, seja trabalhando ou estudando, um crescente número de pessoas tem escolhido ficar mais e mais tempo acordado. Mas os cientistas alertam: a maior experiência de produtividade do corpo humano ocorre que estamos… dormindo. E isso inclui, claro, o processo de aprendizado: a quantidade de horas dormidas está diretamente ligada à capacidade de reter conteúdo.

Para entender a relação entre sono e aprendizado, o Desafios da Educação conversou com Magda Lahorgue Nunes (foto acima). Ela é neuropediatra especialista em Neurofisiologia Clínica-Medicina do Sono e vice-diretora do Instituto do Cérebro (InsCer) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). A seguir, leia os principais trechos da entrevista.

Qual a importância do sono para o aprendizado?
O ideal é a fazer essa pergunta de outra forma: quais as consequências de uma noite mal dormida para o aprendizado? Já se sabe que a má noite de sono, ou o sono com baixa eficiência, desequilibra a concentração, a capacidade de memória e o comportamento. São fatores impactados negativamente. O sono é um processo ativo, onde ocorre restauração das atividades cerebrais, como reparação dos tecidos, metabolismo de radicais livre e edição das memórias. Se a privação de sono desregula todo esse sistema, consequentemente vai prejudicar a capacidade de tomar decisões, de resolver problemas e de estudar.

Qual é a quantidade ideal de horas dormidas para que a capacidade de reter conteúdo não seja influenciada negativamente?
O tempo ideal de sono (para armazenar conteúdo ou qualquer outra atividade) varia de acordo com a idade. A melhor dica é seguir as recomendações publicadas em 2014 pela National Sleep Foundation:

  • Recém-nascidos: 14 a 17 horas por dia de sono;
  • Quatro a 11 meses de idade: 12 a 15 horas;
  • Um a 5 anos: 10 a 14 horas;
  • Seis a 13 anos: 9 a 11 horas;
  • Catorze a 17 anos: 8 a 9 horas;
  • Dezoito a 64 anos: 7 a 9 horas;
  • Acima de 64 anos: 7 a 8 horas.

E quando as pessoas sentem sono ao estudar?
Teoricamente, uma noite bem dormida produz energia suficiente para manter-se acordado ao longo do dia. Se existe uma sonolência excessiva na hora de estudar, provavelmente há algo errado no sono noturno, o que pode ser produzido a partir de um distúrbio crônico ou de maus hábitos, mesmo.

Leia mais: A neuroeducação como elo entre a medicina e o ensino

Muitas universidades oferecem espaços com redes e pufes para leituras, mas também para um cochilo ao longo do dia.
A sesta vespertina é algo que tem sido revisitado pelas instituições brasileiras. E isso é bom porque aquele hábito cultural muito forte nos países latinos se perdeu com a influência americana. O cochilo curto de 30 minutos pode, sim, melhorar a produtividade e ajudar a recuperar um pouco do sono privado à noite – sobretudo aos adolescentes.

Como proporcionar uma noite de sono produtiva?
A higiene do sono é constituída por bons hábitos. Isso inclui reduzir os estímulos luminosos, evitar comidas pesadas ou bebidas com alto teor de cafeína à noite, ir para cama relaxado, estar em um local arejado e evitar barulhos.

Os estímulos luminosos que a sra. se refere são as telas eletrônicas? Porque muitos cientistas dizem que elas são as principais vilãs do sono.
De fato. Nosso organismo é sensível à luz azulada, a mesma do sol do meio dia e dos computadores, televisores e smartphones. A exposição a ela, quando próximos de dormir, desajusta nosso relógio biológico e pode perturbar o sono. O ideal é que as crianças desliguem as telas pelo menos uma hora antes de dormir; adultos, 30 minutos antes.

A senhora dorme bem?
Eu durmo muito bem (risos). E acho que é por isso que estudo o sono. Quero ajudar os outros a dormirem melhor.

Leia mais: O celular pode ser o melhor aliado do professor no aprendizado

Leonardo Pujol
Leonardo Pujol é editor do portal Desafios da Educação e sócio-diretor da República, agência especializada em jornalismo, marketing de conteúdo e brand publishing. Seu e-mail é: pujol@republicaconteudo.com.br

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