Sala de aula com recursos de realidade virtual, sistema de ensino baseado em inteligência artificial, grade de estudos flexível a partir da ubiquidade da computação: essas são algumas das mudanças que as inovações tecnológicas estão trazendo às faculdades e universidades brasileiras.
O problema é que a maioria dos docentes não está preparada para trabalhar com esse tipo de ferramenta, segundo o pesquisador Hélio Lemes Costa Júnior, autor do livro Tempos Digitais: Ensinando E Aprendendo Com Tecnologia.
Costa Júnior sustenta que o emprego dos mecanismos digitais tem modificado todo o processo de educação, entregando aos estudantes mais autonomia no processo de aprendizagem. O professor digital é aquele que deixa de ser um “apresentador de conteúdo” para ser mentor.
“É um modelo de construção conjunta, de explorar e descobrir juntos os resultados. Aqueles que não fizerem essa atualização estão ameaçados”, diz.
Para a professora de Pedagogia da Universidade Federal do Tocantins (UFT), Ângela Noleto da Silva, o melhor caminho é a adoção do ensino híbrido, que mescla as metodologias tradicionais com os novos suportes tecnológicos.
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Professores que não tiveram, em sua formação inicial, o acompanhamento das tecnologias digitais móveis, precisam aperfeiçoar a conhecimento, afirma Noleto. “Também devem observar o quanto estes mecanismos lhes proporcionarão ampliar e ter acesso à novos saberes em suas áreas de atuação e formação acadêmica.”
Empresas de tecnologia já disponibilizam ferramentas para sanar o gap. Recentemente, a Blackboard lançou o eTeacher. Trata-se de um programa de desenvolvimento voltado às instituições e ao pessoal acadêmico, capacitando-os em habilidades efetivas para o processo de ensino e aprendizagem digital. O programa, aplicado originalmente nos Estados Unidos, está em tratativa para ser lançado pela divisão brasileira da Blackboard.
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Capacitações como essas materializam a ideia de que a nova sala de aula deve ser mais interativa, participativa e horizontal. Aqui, entra em cena aulas imersivas, através da realidade virtual, e gamificação dos processos educativos. Outra forte tendência é a implementação de currículos mais livres para os estudantes e a adoção de mais atividades a distância.
“Vislumbro que daqui a dez anos, ou antes disso, metodologias ativas como gamificação, transmídia e e-learning já terão sido naturalizadas nas salas de aulas”, projeta a professora da UFT.
Para Hélio Costa Junior, além da interação mais restrita entre alunos e professores, a tendência para os próximos anos é da ampliação de recursos como o chatbot.
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Cuidados
Ainda que a tecnologia possa oferecer vários ganhos no trabalho da instituição de ensino, é importante ter alguns cuidados no momento de implementação das novas ferramentas, tanto por parte dos professores quanto das instituições de ensino.
Os docentes devem estar preparados e dominar completamente a novidade antes de apresentar aos alunos, para evitar a desconfiança dos estudantes obre aquele método.
Já as universidades precisam evitar o que Costa Júnior descreve como “o uso da tecnologia pela tecnologia”. Os equipamentos e tecnologias devem ser contratados e adquiridos com um plano para utilização. “Tem que pensar no todo: hardware, software, rede, conteúdo e pessoas treinadas”, salienta o professor.
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