Capacitação Docente

Os desafios da multiplicidade

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Uma sociedade múltipla pede uma universidade que abrace suas diferentes facetas. Mais do que entender as técnicas, é preciso compreender a mudança de cultura que a Geração Y está promovendo na sociedade. O cofundador da escola de atividades criativas Perestroika, Felipe Anghinoni, fala com entusiasmo sobre esta “nova era” em entrevista para o blog.Palestrante Felipe Anghinoni

Em 2007, Anghinoni fundou a Perestroika, em Porto Alegre, com um investimento de 300 reais. No início de 2012, a empresa inaugurou unidades em São Paulo e no Rio de Janeiro e foi considerada uma das 45 startups brasileiras de futuro pela Revista Exame. Segundo seu idealizador, o objetivo é ajudar a construir um mundo mais criativo, sensível, generoso, subversivo e do bem. Transferir esses princípios para a educação parece uma boa ideia, não é mesmo?

Qual é o maior desafio que a educação enfrenta hoje?

Felipe: O maior desafio da educação é o mesmo de todos os setores, indústrias e mercados: se adaptar a um novo conjunto de valores. Um novo código de conduta, que nasceu com a Revolução Digital, mas que não fica restrito ao computador. Existe um novo software rodando na cabeça de muita gente. A maioria é chamada Geração Y. Este software está rodando, mas o hardware, ou seja, nossas instituições, continua o mesmo. Nosso status quo está “dando pau”. As instituições precisam se atualizar. A grande questão é que esta adaptação não é uma evolução. Não deve ser incremental, mas disruptiva. Isso significa que precisaremos experimentar com métodos totalmente contraintuitivos. Ou seja, teremos que usar soluções que parecem que não vão dar certo. Isso dá medo. E o medo nos paralisa. Não ficar paralisado é o desafio. geração-y

Você acredita que a filosofia utilizada pelas startups pode ser aplicada à educação? Como?

Totalmente. Acredito que essa cultura de startups é a que está mais em sincronia com o novo software mental que comentei antes. Na verdade, essa cultura nasceu no Vale do Silício, na Califórnia, nos Estados Unidos, um lugar aonde o futuro chega antes. O Vale é um dos grandes responsáveis pela revolução que vivemos estabelecendo vários dos novos paradigmas. Por isso, acredito que a filosofia utilizada pelas startups serve como inspiração para aplicar em quase qualquer mercado ou área de atividade. Acho que é preciso observar as práticas deste nicho e fazer uma “regra de três” entendendo como podemos implantar em outras áreas. Existem várias formas de aplicar, mas vou citar duas que acho mais importantes: a primeira é aplicar o conceito de MVP, de Beta, de protótipo nos sistemas educacionais. Podemos testar uma hipótese rapidamente, com uma turma ou uma escola, e ver o que funciona, adaptando tudo isso com o trem em movimento. Precisamos experimentar mais e planejar menos. A segunda é pensar em uma formação universalista,  mais MULTI. Não em detrimento à formação de especialistas, mas como mais uma opção.

Como podemos formar profissionais mais multidisciplinares, que dominem multihabilidades, para resolver problemas multitasks dentro de equipes multiculturais? Acho que tudo isso começa com uma escola e um sistema de educação mais multi também.

A universidade está preparada para formar os jovens da Geração Y?

Acredito que o tradicional arquétipo da universidade, não. Há muitas coisas importantes que a universidade oferece, mas que não estão em sincronia ainda com a realidade (cada vez mais) mutante do mercado de trabalho. Mas tenho certeza que existem universidades, professores e administradores totalmente capazes de efetivar essas transformações dentro das universidades. Acredito que, na sociedade cada vez mais descentralizada em que vivemos, as instituições sempre vão perder forças, mas elas não precisam deixar de existir. Só precisam se reconectar com as pessoas e comunidades. Por isso, não acho que a instituição universidade vai morrer. As que se reconectarem vão continuar existindo e ajudando na formação de muitos jovens de várias gerações vindouras.

O que fazer para tornar a universidade mais criativa, sensível, generosa, subversiva e até do bem? Esta semana, Felipe Anghinoni vai compartilhar suas ideias no Fórum Desafios da Educação. Participe ou acompanhe a nossa cobertura online!

Redação
A redação do portal Desafios da Educação é formada por jornalistas, educadores e especialistas em ensino básico e superior.

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