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Os desafios da geração Z para educadores

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Atualização é palavra de ordem para quem trabalha com educação, especialmente a distância. Não só porque novas tecnologias surgem a cada dia, mas porque, com a popularização da EAD, a sala de aula se tornou ainda mais heterogênea. Hoje, em um mesmo grupo de aprendizado pela internet, é possível encontrar estudantes de diferentes partes do Brasil, quiçá do mundo, e de várias gerações. Em um texto do site Edudemic, a autora Karen Van Vliet afirma que em poucos anos teremos cerca de cinco gerações diferentes no mesmo mercado de trabalho e que esse é um dos motivos para educadores aprenderem a lidar melhor com os mais novos, a Geração Z.

A Gen Z, como também é chamada, é fácil de identificar: são jovens nascidos entre 1995 e 2009 que mantêm suas cabeças sempre baixas não porque são submissos, mas sim porque estão mergulhados em seus dispositivos móveis. À primeira vista, eles podem parecer pouco amigáveis com seus fones de ouvido a tiracolo, mas a verdade é que eles interagem de uma maneira distinta com a sociedade. Segundo um artigo de Dennis McCafferty, citado pela autora do texto, 60% dessa geração gostam de compartilhar conhecimento online, uma habilidade bastante interessante em tempos de EAD. Além disso, 64% dos jovens dessa geração contribuem para sites porque eles gostam de aprender sobre coisas novas, enquanto 76% acham que as experiências online ajudam na conquista de seus objetivos.

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Geração Z é a mais conectada de todos e isso, trás soluções, mas também problemas
FONTE: Edudemic

Se conectar, de fato, não é um problema para esses jovens, mas outros tipos de interação comuns à vida nas empresas são. Para a Geração Z, é mais complicado comunicar suas ideias, compartilhar opiniões e debater sobre um argumento. De acordo com Karen, por passar grande parte dos seus anos de formação na frente de um computador, esses futuros profissionais desconhecem o trabalho em equipes colaborativas, não sabem se portar em discussões cara a cara e menos ainda falar em público. Sua habilidade para explorar várias soluções para um problema não é madura como nas gerações anteriores, e essa é uma das frentes que os educadores precisam atacar.

Os alunos da Gen Z têm mais dificuldades em explicar, elaborar e defender seu raciocínio sobre um determinado tópico. Por isso Karen sugere que os professores tenham sempre em mente sete habilidades de sobrevivência que precisam trabalhar com seus alunos mais novos. E não apenas pensando em prepará-los para o mercado de trabalho, mas para a vida:

  • Pensamento crítico e resolução de problemas
  • Colaboração entre redes e liderança pela influência
  • Agilidade e adaptabilidade
  • Iniciativa e empreendedorismo
  • Comunicação oral e escrita eficaz
  • Acesso e análise de informações
  • Curiosidade e imaginação

Como sempre, a internet possui um grande arsenal de ferramentas que ajudam o educador a dialogar melhor com cada geração, especialmente essa mais nova. Karen sugere que os professores e gestores façam uso da tabela KWHLAQ (Know, Want, How, Learn, Action, Question, ou, em português, Conhecimento, Querer, Como, Aprendizado, Ação e Questionamento).

K What do I know? O que eu sei?
W What do I need and want to know? O que eu preciso e quero saber?
H How will I find answers to my questions? Como eu encontro respostas para minhas perguntas? What am I learning along my inquiry journey? O que eu estou aprendendo no meu percurso?
L What have I learned at the end of my journey? O que eu terei aprendido ao final da minha jornada?
A What action will I take as a result of my inquiry? Como eu agirei ao final da minha investigação?
Q What new questions do I have as I continue my inquiry and after I am done studying my topic? Que novas perguntas eu tenho como uma continuidade da minha investigação e depois que eu terminar meus estudos?

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Tabela KWHLAQ é um método interessante para trabalhar habilidades importantes com a Gen Z
FONTE: Miss Chambersict

Se começar pelo H, de How, ou Como, em português, os educadores podem levar os estudantes a fazer uma análise mais profunda de uma página na web, por exemplo. Como faço para descobrir? Como vou saber quando encontrei a resposta certa? Como isso se aplica ao mundo real? Como isso vai mudar a maneira que olho ou sinto alguma coisa? São algumas perguntas que devem ser feitas para a Geração Z.

Seguido pelo A, de Action, ou ação: Que medidas devo tomar? Esta atitude irá mudar a minha opinião? Esta atitude irá mudar a minha resposta ou minha compreensão? Qual é a consequência desta ação? E, para terminar, um exemplo com o Q, de Questions, ou questões: que novas perguntas eu tenho para fazer?

Como sabemos, o uso de dispositivos móveis e da conexão com a internet são irreversíveis. Uma vez que o os educadores não podem mudar isso, é preciso trabalhar para influenciar e ajudar a melhorar seu comportamento, para quem esses jovens tenham as habilidades sociais que os empregadores e a sociedade como um todo esperam. E você, já se deparou com esse conflito de gerações? Conte para nós sua experiência e assine a nossa newsletter para mais debates a respeito.

Redação
A redação do portal Desafios da Educação é formada por jornalistas, educadores e especialistas em ensino básico e superior.

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