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Saiba como desenvolver na sua IES o internato, etapa obrigatória em um curso de Medicina

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Promover a conexão entre teoria e prática nos currículos é um dos principais desafios das instituições de ensino superior (IES). Na graduação em Medicina, essa lacuna é preenchida pelo internato, etapa obrigatória que representa cerca de um terço da carga horária total dos cursos.

Em primeiro lugar, é importante não confundir internato com residência. A residência é uma pós-graduação e, portanto, acontece após a formatura. De caráter opcional, seu objetivo é conquistar a especialização em uma área médica.

Já o internato é um estágio curricular que visa o contato do aluno com diversas especialidades. Ele pode atuar em hospitais, unidades básicas de saúde (UBS) e clínicas. Sempre sob supervisão de um profissional da universidade, a quem cabe tomar a decisão final nos casos atendidos pelo estudante.

“O internato é uma parte vital da transformação do estudante em médico”, afirma o diretor médico da plataforma Jaleko, Felipe de Andrade Magalhães. “É quando ele consegue botar em prática os conhecimentos que acumulou durante a faculdade e se aproximar do dia a dia da profissão.”

A importância do internato na formação

Por determinação do Ministério da Educação (MEC), o internato deve ocupar 35% da carga horária total dos cursos superiores de Medicina. Em geral, os currículos estão organizados para que isso aconteça nos dois últimos anos do estudante na universidade.

Nesse período, 30% do tempo precisa ser dedicado para a atenção básica e serviços de urgência e emergência do Sistema Único de Saúde (SUS), garantindo o papel social do curso. Os 70% restantes são destinados ao atendimento em áreas como clínica médica, cirurgia, ginecologia e obstetrícia, pediatria e saúde coletiva e mental.

Os plantões obrigatórios em urgência e emergência duram até 12 horas diárias, com limite de 40 horas semanais. Embora possam ser exaustivas, as atividades de internato não são remuneradas.

Do ponto de vista da formação, o internato é pura prática. Em contato com diferentes especialidades, o aluno se depara com casos de simples e de alta complexidade, buscando hipóteses diagnósticas. Além do mais, o estudante assimila peculiaridades do protocolo de atendimento.

“Alguns conceitos e detalhes de ordem prática podem soar abstratos em sala de aula. Por exemplo, a postura, a linguagem corporal e a empatia junto ao paciente e seus familiares”, explica Magalhães. “São aspectos que o aluno vai desenvolver melhor no internato.”

Nesse sentido, o internato também favorece a aquisição de competências socioemocionais que fazem a diferença na carreira médica. Entre elas, resiliência, flexibilidade, persistência, comunicação e empatia.

Leia mais: Como a tecnologia transforma a prática e o ensino de Medicina

O internato em instituições de ensino

O internato exige um treinamento completo, o que dificulta sua oferta dentro das próprias instituições de ensino. A participação do futuro médico em cirurgias, por exemplo, demanda uma unidade hospitalar com centro cirúrgico.

Como boa parte das IES privadas não têm infraestrutura de tamanha complexidade, elas costumam firmar parcerias com hospitais, clínicas e UBS. Se a faculdade conta com um ambulatório ou rede de atendimento primário, parte das atividades são feitas internamente e parte externamente.

De qualquer forma, a instituição de ensino é a responsável pelo internato. Os acordos de parceria preveem a contratação ou fornecimento de profissionais do curso de Medicina para arcar com o acompanhamento do interno.

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“Não se pode delegar o ensino e treinamento para a unidade de saúde conveniada”, ressalta Magalhães, do Jaleko. “O programa de internato e suas avaliações são realizados pela universidade através desses profissionais contratados para trabalhar nas unidades parceiras.”

Embora não seja uma tarefa fácil, a totalidade do internato pode ser ofertado dentro da IES. No Brasil, muitos exemplos desse tipo estão concentrados em instituições de ensino públicas que contam com hospitais universitários.

Mas nada impede que a rede privada faça o mesmo, como em diversas sedes da Pontifícia Universidade Católica (PUC). Tudo depende de uma infraestrutura completa, abarcando desde a rede de atendimento primário até instalações e equipamentos para casos cirúrgicos.

Leia mais: Como melhorar o desempenho dos cursos de Medicina no Enade

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