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Analisar os resultados do Enade é sempre um exercício interessante. Especialmente entre as graduações mais concorridas. É o caso dos cursos de Medicina, cujo mercado privado se caracteriza pelos baixos níveis de evasão e inadimplência – e altas mensalidades.

No Enade 2019 foram avaliados 232 graduações médicas – tanto privadas quanto públicas. Desse total, 30 cursos (13,4%) registraram desempenho péssimo ou ruim. Ou seja, ficaram entre os Conceitos 1 e 2, numa escala que vai até 5.

Só 28 graduações de Medicina obtiveram conceito máximo.

Leia mais: Nota máxima: a receita de três coordenadores para obter Conceito 5 no Enade

Fabio Freire.

O curso de Medicina é o mais caro do ensino superior. Se quiser ser um médico, o brasileiro precisa desembolsar entre R$ 5 mil e R$ 16 mil por mês. O custo elevado se justifica pelo investimento.

“A estrutura que uma faculdade de Medicina precisa dispor é muito maior do que a de qualquer outra, pois exige muitas tecnologias nas diversas etapas do curso”, diz Fabio Freire, professor de ciências médicas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), ao Desafios da Educação.

Não disponibilizar esses recursos certamente prejudica o desempenho da IES. Outras causas podem incluir a baixa qualificação dos professores, a infraestrutura do curso, didática e organização pedagógica, falta de aproximação do aluno e baixo engajamento do corpo docente e da coordenação do curso.

Reverter essa situação é o tipo de preocupação que as IES com notas baixas no Enade precisam ter. Caso contrário, correm sério risco de perder alunos para instituições com conceito Enade mais elevado, alerta Luiz Cláudio Pereira, diretor de ensino da Afya Educacional, um dos maiores grupos de educação médica do Brasil.

E perder aluno de Medicina, definitivamente, não é bom negócio. Segundo um estudo da Ondina Investimentos, com base no valor de aquisições de faculdades médicas entre agosto de 2019 e agosto de 2020, cada estudante de Medicina vale R$ 1,4 milhão

Leia mais: Cursos nas áreas de Negócios e Saúde devem crescer após a pandemia

Como melhor a nota no Enade

Medicina no Enade: conscientizar o aluno sobre a importância do exame é o primeiro passo para um bom desempenho do curso. Créditos: PUCRS.

Medicina no Enade: conscientizar o aluno sobre a importância do exame é o primeiro passo para um bom desempenho do curso. Créditos: PUCRS.

Para além do prejuízo financeiro, o baixo desempenho do Enade também causa um impacto negativo na parte educacional. Para superar o resultado, a instituição de ensino superior deve criar novas estratégias acadêmicas e de relacionamento que visem em um melhor desempenho no próximo ciclo avaliativo do Enade.

Revisão das ementas, plano de ensino, avaliação docente e observação da portaria Enade são alguns itens a serem analisados. “Uma reestruturação dos componentes de aprendizagem teria um impacto educacional positivo na instituição”, disse o gestor da Afya.

Segundo Pereira, a conscientização do aluno sobre a importância do exame também é importante. Muitas vezes é o distanciamento do estudante que acarreta na baixa atenção dada por ele ao processo. Cabe lembrar que é o Enade é feito para avaliar o desempenho do curso, e não interfere no currículo do aluno – exceto que a presença dele na avaliação é um requisito para a colação de grau.

Caroline Rothmuller.

Uma forma de aproximar o estudante ao Enade é utilizando tecnologias inovadoras e metodologias ativas de ensino que despertem o interesse pelo conteúdo. “O aluno está buscando formas alternativas de estudar e os professores estão buscando formas alternativas de ensinar”, afirma Caroline Rothmuller, diretora educacional da Jaleko, plataforma de reforço universitário para estudantes.

Em 2020, a Jaleko lançou um segmento que oferece conteúdo para instituições de ensino superior. Esse tipo de solução ajuda, e muito, a melhorar a qualidade do ensino de uma IES onde o curso de Medicina teve nota baixa no Enade.

“Humanizar o curso é muito relevante”, sugere Rothmuller. “Trazer o aluno para mais perto, deixando-o feliz, é um marketing poderoso.”

Notas do CPC

O curso de Medicina da Universidade de Franca (Unifran) é o melhor do país, conforme a avaliação do Conceito Preliminar de Curso (CPC), indicador de qualidade do Ministério da Educação (MEC) referente a 2019. A seguir, confira o ranking com as 10 melhores graduações de Medicina do país.

  1. Universidade de Franca (Unifran): 4,17 (conceito 5)
  2. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS): 4,11 (conceito 5)
  3. Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG): 4,02 (conceito 5)
  4. Centro Universitário de Anápolis (Unievangélica): 3,98 (conceito)
  5. Universidade Nove de Julho (Uninove): 3,94 (conceito 4)
  6. Universidade Federal de São Paulo (Unifesp): 3,93 (conceito 4)
  7. Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG): 3,84 (conceito 4)
  8. Universidade de Vassouras: 3,82 (conceito 4)
  9. Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR): 3,81 (conceito 4)
  10. Unicesumar: 3,79 (conceito 4)

Leia mais: Como a tecnologia transforma a prática e o ensino da Medicina

*Texto atualizado em 10/12/2020 para incluir o ranking do CPC. 

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1 Comment

  1. Recursos!!! Paguem bem os docentes dando lés capacitações de currículos para o desenvolvimentos do ensino e aprendizagens para a vida dos discentes

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