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A equidade digital como base para a igualdade social

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Seria redundante dizer o quanto o acesso à tecnologia é essencial na educação a distância: sem computadores, boa conexão com a internet e alguns acessórios básicos, seria impossível acompanhar uma simples videoaula. Mas, mesmo na sala de aula comum, a tecnologia se faz cada vez mais presente, e é por isso que muita gente já começa a dizer que a equidade digital não é só questão de dar oportunidades iguais, mas de justiça social.

Garantir a inclusão e a integração dos alunos é uma preocupação antiga dos educadores. Nesse cenário, o acesso a dispositivos digitais tem que estar na base das providências. Para Marie Bjerede, diretora da iniciativa pelo aprendizado móvel nos Estados Unidos, é hora de ampliar o debate e passar a ver o acesso à tecnologia como peça fundamental da igualdade social. Em um seminário online, ela desenvolveu seis tópicos relacionados ao assunto.

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Os dispositivos móveis permitem ter acesso a conteúdo em qualquer lugar
[FONTE: Napier Academy]

1) As diferenças de acesso à tecnologia costumam ser marcadas por diferenças econômicas. Entre os alunos que têm computadores à disposição na faculdade e aqueles que os têm também em casa, tende a haver diferentes níveis de proficiência tecnológica e de conforto com os dispositivos. Por isso, é importante manter o acesso livre às salas de informática e disponibilizar também tablets e wi-fi para que os alunos de menor renda se sintam à vontade para aprender a utilizar as tecnologias. Só assim, eles conseguirão transformar o acesso digital em acesso a informações relevantes e em construção do conhecimento.

2) Via de regra, estudantes que têm conexão com a internet em casa apresentam melhores notas, mesmo quando são de baixa renda ou integrantes de famílias desestruturadas. Uma das soluções adotadas por diversas instituições americanas é distribuir tablets entre os alunos. Claro que essa é uma abordagem custosa e pode ser inviável para muitas universidades. Mas garantir um bom sinal wireless em todo o campus já beneficiaria os estudantes, considerando-se a quase onipresença dos smartphones, que podem vir a substituir os tablets em alguns casos.

3) Outro ponto positivo em facilitar o acesso à tecnologia e, sobretudo, em garantir que os alunos tenham seus próprios dispositivos é a possibilidade de envolver a família no aprendizado. Quando o estudante leva as aulas online para dentro de casa, pode convidar as pessoas que moram com ele a assistirem junto ou participarem das atividades de ensino.

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Wi-fi até pelas calçadas: o acesso deve ser universal dentro do campus
[FONTE: Panda Security]

4) Por outro lado, os alunos que não possuem acesso à internet em casa perdem muito das possibilidades de colaboração com os colegas. Eles não poderão acessar plataformas online, não poderão manter conversas por e-mail ou redes sociais e todas as propostas de colaboração vão sofrer por isso. Mais uma vez, o wi-fi na instituição é, pelo menos, uma solução para o período em que o estudante está no campus.

5) Para Michael Mills, da Universidade do Arkansas, a falta de acesso generalizado às tecnologias cria o Efeito Matthew, no qual os ricos ficam cada vez mais ricos e os pobres ficam cada vez mais pobres. No caso, o paralelo é que os “letrados” em tecnologia se tornarão cada vez mais especialistas, enquanto aqueles que têm dificuldade ficarão cada vez mais para trás.

6) Os dispositivos móveis ajudam a conectar professores e estudantes, e, se alguns dos alunos têm mais facilidade de acesso à internet, eles contarão com mais tempo e atenção do professor. É fundamental equilibrar essa disparidade focando nos alunos com menos acesso digital, a fim de assegurar que eles recebam as mesmas oportunidades que seus colegas.

Esses são alguns dos pontos que colocam a equidade digital como base para a igualdade social. Conforme a tecnologia se torna cada vez mais importante na educação – e a educação sempre será a principal maneira de se obter qualidade de vida, sucesso profissional e condições econômicas -, torna-se igualmente relevante equilibrar as diferenças de acesso. Somente quando todos tiverem possibilidades similares, haverá iguais oportunidades para todos.

Na sua instituição de ensino, como se facilita o acesso digital aos estudantes? Compartilhe conosco sua experiência e, para acompanhar os debates por e-mail, assine nossa newsletter.

Redação
A redação do portal Desafios da Educação é formada por jornalistas, educadores e especialistas em ensino básico e superior.

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