Gestão educacional

Alta evasão é um dos principais desafios dos cursos de TI no Brasil

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Na última década, a taxa de evasão dos cursos presenciais da área de Tecnologia da Informação (TI) tem sido constantemente maior do que nas demais graduações. A cada 10 alunos que entram nos cursos de TI, seis saem da faculdade antes da formatura.

De acordo com dados do 13º Mapa do Ensino Superior no Brasil, publicado pelo Semesp, em 2021, os cursos da área de tecnologia somavam 468 mil matrículas em todo o País, considerando as modalidades presencial e de educação a distância (EaD).

Falta de diversidade é uma característica marcante dos cursos de TI no Brasil. Crédito: USP/Imagem.

O número representa apenas 5,2% do total de matrículas do ensino superior — 4,5% do presencial e 6,3% da EaD. Nos últimos 10 anos, o aumento na participação das matrículas nesses cursos em relação ao total foi de apenas 0,6%.

Para se ter uma ideia, somente 6,6% das graduações presenciais ofertadas no Brasil são da área de TI. Já na modalidade EAD, o percentual é de 9,6%.

Mercado de trabalho X diploma

A carência de profissionais especializados é imensa e, por isso, o setor oferece ótimos salários e muitas vagas. No final de 2021, o setor tinha 159 mil vagas em aberto, mas só 53 mil formados para ocupá-las, segundo dados da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação.

Como esclarece o Mapa do Ensino Superior, a demanda supera muito a oferta, e mesmo com o movimento recente de demissões em massa, o Brasil ainda enfrenta escassez de mão de obra nas áreas de TI.

Assim, o mercado de trabalho absorve rapidamente os estudantes, que deixam de ver utilidade no diploma universitário. Muitas vezes, eles são contratados para funções específicas, para as quais a formação necessária é obtida através de cursos de curta duração — o que ajuda a entender a evasão mais alta nessas graduações.

Outra possibilidade também é o alto custo das mensalidades. Segundo o Mapa do Ensino Superior, tanto na modalidade presencial quanto na EaD, as mensalidades na área de TI são maiores que a média dos demais cursos. Enquanto a média nas graduações de Tecnologia da Informação é de R$ 1.055, as restantes são de R$ 903.

O documento ainda mostra que os cursos de TI têm alunos com renda familiar maior do que a média. Para efeitos de comparação, enquanto os estudantes das demais áreas representam 10,1% dos que têm renda familiar de 6 a 10 salários mínimos, os de TI são 15,9%.

Ainda de acordo com Mapa do Ensino Superior, apenas 21,2% dos estudantes dos cursos de TI não trabalham. Esse dado confirma a hipótese da alta empregabilidade do setor e a facilidade de os alunos encontrarem um trabalho antes mesmo de obter o diploma.

Ausência de diversidade

Outro desafio do setor de TI é a promoção de diversidade. O documento publicado pelo Semesp revelou que, em 2021, apenas 16,5% das matrículas em cursos dessa área eram de mulheres, contra uma participação feminina de 60,7% nas demais graduações.

Já quando o assunto é a representatividade de pessoas negras, o percentual é baixo em todo o ensino superior: 8,7% nos demais cursos e 8,1% nas graduações de Tecnologia. Apesar da pouca diferença entre a TI e os demais cursos, é importante destacar que os alunos negros são historicamente excluídos por questões socioeconômicas.

É válido ressaltar, ainda, que o mercado de trabalho está cada vez mais preocupado com a questão da diversidade. Daí a importância de políticas públicas inclusivas e que deem acesso aos cursos da área.

Mais jovens

Estes cursos também atraem mais estudantes de até 29 anos do que as demais áreas. Ao todo, cerca de 70% estão nessa faixa etária. Essa característica se repete na modalidade de educação à distância, que tem um público-alvo mais velho — acima de 30 anos — também nas demais graduações. Isso pode ser explicado pelo fato de as profissões de TI terem uma maior abertura ao trabalho remoto, o que torna a EaD mais aceita tanto pelos jovens quanto pelo mercado de trabalho.

De 2011 a 2021, houve um aumento de 34% no número de jovens até 29 anos matriculados na área de TI, enquanto nas demais graduações o crescimento foi de 19,2%. Na EaD, o crescimento no mesmo período foi de 758% nos cursos de tecnologia, contra 309% nas demais áreas. Já no presencial, houve uma queda de 12,1% no mesmo período entre os jovens até 29 anos.

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