Ensino Básico

Quais fatores entram no cálculo da mensalidade escolar

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A mensalidade escolar cobre uma série de despesas e investimentos das instituições de ensino. Para os gestores, entender como empregar o dinheiro corretamente é essencial para entregar um retorno satisfatório aos pais e alunos, tanto em relação ao ensino como à infraestrutura.

Capacidade, turmas, custos, margem de lucro e número de matrículas devem ser levados em conta na precificação de uma mensalidade. A soma desses fatores varia conforme o nível de escolaridade. Por isso, o ensino médio, o fundamental e a educação infantil possuem preços diferentes.

Para se ter uma ideia, em 2022, a mensalidade das escolas gaúchas deve ter um crescimento de 9,8%. Em contrapartida, a projeção é que os custos das instituições subam 11,6%, conforme dados de uma pesquisa do Sindicato do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (SINEPE/RS).

A mensalidade escolar cobre uma série de despesas e investimentos das instituições de ensino.

A mensalidade escolar cobre uma série de despesas e investimentos das instituições de ensino. Crédito: DIAP/Divulgação.

Quais são os custos das escolas

O objetivo principal de qualquer instituição de ensino é o aprendizado. Entretanto, uma escola privada é uma empresa, o que exige boas práticas administrativas. O gestor precisa, por exemplo, equilibrar gastos diários com a captação e fidelização de alunos.

Isso depende de investimentos em salas para aulas especiais, pátios externos, acompanhamento psicológico, entre outros serviços. Principalmente após a pandemia, a aquisição de tecnologias educacionais, como plataformas de ensino online, entrou nessa conta.

Ou seja, a infraestrutura e o ensino de qualidade são fatores considerados na mensalidade. Materiais didáticos, aulas diferenciadas, projetos, eventos, ferramentas digitais, entre outros, são recursos e práticas que mostram aos pais o retorno do dinheiro investido.

Leia mais: Pós-pandemia: o projeto arquitetônico da escola como ferramenta de aprendizagem

Entretanto, um dos gastos mais relevantes e que exige maior controle da escola é com pessoal. Segundo o vice-presidente do Instituto Casagrande, Ronaldo Casagrande, o ideal é que orçamento da folha de pagamento de professores e do setor administrativo não ultrapasse 55% do valor da receita.

Além disso, o aluguel do prédio – se houver – não deve passar de 8% do total da receita. Portanto, a média dos alugueis na região onde a instituição está localizada também influencia o preço da mensalidade. Contas com água, luz e internet, por outro lado, são menos determinantes para o valor final.

“Primeiramente, a escola deve ter mecanismos de apuração de seus custos. Em segundo lugar, deve buscar parâmetros de mercado para entender o que é razoável gastar em cada categoria, estabelecendo limites de gastos. Em terceiro, é preciso que ela fazer com que esses custos não extrapolem as referências estabelecidas”, resume Casagrande.

O impacto da pandemia

Para enfrentar os desafios impostos pela pandemia, as escolas tiveram que investir em tecnologias e infraestrutura para lidar com a crise sanitária. O presidente do SINEPE/RS, Bruno Eizerik, afirma que isso gerou uma transformação nas instituições.

Presidente do SINEPE/RS, Bruno Eizerik. Crédito: Divulgação.

Presidente do SINEPE/RS, Bruno Eizerik. Crédito: Divulgação.

“Elas tiveram que fazer grandes investimentos para manter as aulas de forma híbrida (com uma parte da turma em casa e outra na escola), como a colocação de câmeras, por exemplo”, explica.

Ao mesmo tempo, descontos foram oferecidos para evitar a evasão. Mesmo assim, casos de abandono aconteceram. Segundo a pesquisa do SINEPE/RS, 37,2% das escolas esperam recuperar, em 2022, alunos que evadiram durante a pandemia.

“As escolas deixaram de realizar outros investimentos e tiveram que cortar gastos, uma vez que tivemos um reajuste médio de 3,5% na mensalidade de 2021, enquanto o aumento de custos ficou em 10,9%”, relata Eizerik.

Leia mais: O que preocupa os professores na volta às aulas presenciais

A importância da precificação

A precificação da mensalidade deve ser feita de forma racional. Se for muito abaixo do valor de mercado, pode afetar a saúde financeira da escola e mostrar uma desvalorização dos seus serviços. Porém, se for desproporcionalmente alta, pode levar alunos para instituições concorrentes.

De acordo com a Lei 9.970/99, as instituições de ensino privado podem definir o valor da mensalidade apenas uma vez por ano. A legislação exige atenção e planejamento para que o período letivo não seja afetado por

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