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Na abordagem tradicional de ensino, o professor assume a responsabilidade de transmitir o conteúdo de maneira expositiva, enquanto os alunos devem absorver o conhecimento de forma passiva.
No entanto, com o avanço da tecnologia e as mudanças na forma como os indivíduos se relacionam com o conhecimento, torna-se necessário buscar estratégias que abracem as novas necessidades dos estudantes.
Nesse contexto, a Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP) surge como uma metodologia que se destaca ao proporcionar um ambiente de aprendizado dinâmico e estimulante.
A Aprendizagem Baseada em Problemas favorece a colaboração entre os alunos. Crédito: Foto de Startup Stock Photos/Pexels.
De acordo com o artigo “ Aprendizagem Baseada em Problemas: um método de ensino-aprendizagem e suas práticas educativas ”, escrito pelos professores Eli Borochovicius e Jussara Tortella, da PUC- Campinas, um dos principais pilares da ABP é a organização da proposta pedagógica em torno da resolução de problemas, rompendo com a tradicional separação disciplinar.
A abordagem tradicional de ensino fragmenta o conhecimento em disciplinas separadas, o que pode limitar a compreensão dos estudantes. A ABP rompe com essa separação ao reconhecer que os desafios da vida real não estão restritos a uma única área do saber . Uma metodologia multidisciplinar e integrada permite que os alunos abordem os problemas de forma mais abrangente, estabelecendo conexões entre diferentes campos de estudo e aplicando as informações de maneira contextualizada.
Ao longo do processo de aprendizado, os estudantes se engajam ativa e colaborativamente na busca por soluções para problemas propostos pelo professor. Dessa forma, os alunos se transformam em protagonistas na sua busca pelo conhecimento.
É importante destacar que o objetivo principal dessa metodologia não se resume à resolução de problemas em si, mas ao uso desses problemas como base para identificar os temas de aprendizagem que serão abordados pelos discentes, seja individualmente ou em grupos.
A metodologia se baseou nos conceitos de dois norte-americanos, o psicólogo Jerome Seymour Bruner e o filósofo John Dewey. Bruner afirmava que a educação deveria colocar os estudantes em contato com os problemas, de modo a incentivar a discussão de temas e a busca de soluções. Essa proposta foi chamada de Learning by Discovery ou Aprendizagem pela Descoberta.
Dewey, por sua vez, defendia a ideia de que a educação precisava se basear na reconstrução da experiência. Ou seja, é essa ponte com a realidade que produz o crescimento e a motivação para a aprendizagem.
O método começou a ser posto em prática na Harvard Business School , nos Estados Unidos, e, em seguida foi recriado na escola médica de McMaster , no Canadá. Assim, a proposta foi disseminada em outras universidades e desenvolvida de forma mais significativa pela Universidade de Maastricht , na Holanda. A experiência realizada na instituição contribuiu bastante para a formação da base empírica dos princípios defendidos pela Aprendizagem Baseada em Problemas.
No Brasil, a ABP faz parte de propostas e debates pedagógicos há pouco tempo. Alguns de seus conceitos já permeavam os Parâmetros Curriculares Nacionais publicados em 1997 e também foram utilizados para nortear exames oficiais, como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Contudo, a introdução dessa abordagem no País aconteceu por meio de algumas instituições de ensino superior.
Primeiramente, a ABP foi adotada na Faculdade de Medicina de Marília (FAMEMA) e na Universidade Estadual de Londrina (UEL). Depois outras IES adotaram a metodologia, inclusive em áreas diferentes da saúde. Isso aconteceu porque a abordagem foi bem vista quanto à formação profissional, uma vez que ela dá ênfase em como os estudantes podem aplicar os conhecimentos disponíveis para a solução de situações que acontecem no exercício da profissão .
Nesse método, o professor desempenha o papel de facilitador e orientador dos alunos, promovendo a interação entre teoria e prática. Ele também tem a responsabilidade de estimular a aplicação imediata do conhecimento adquirido para resolver os problemas propostos. Esse enfoque auxilia na fixação do aprendizado e exploração dos conceitos de forma mais profunda.
As professoras Laurinda Leite e Ana Sofia Afonso, do Instituto de Educação da Universidade do Minho, em Portugal, foram pioneiras no estudo da metodologia ABP. Na revista Boletín das Ciencia s , publicada pela Associação de Professores de Ciências Galegos, elas explicam como funciona a metodologia.
Para compreender melhor, vamos considerar um exemplo de atividade utilizando a ABP no curso de Engenharia Civil. O professor primeiro escolhe um tema relevante para a turma, como a construção de moradia sustentável em áreas urbanas. Depois os alunos, divididos em grupos, começam a elaborar questões relacionadas ao problema (como quais materiais usar), realizando pesquisas e discutindo possíveis soluções.
Os grupos sintetizam suas soluções em um projeto abrangente, que inclui estratégias de construção sustentável, planejamento urbano e medidas para mitigar os impactos ambientais. O processo é finalizado com uma apresentação para compartilhar suas propostas com a turma e os professores.
A avaliação considera não apenas a solução proposta, mas também a participação ativa dos alunos, a qualidade da pesquisa, a argumentação e a colaboração em grupo . A autoavaliação também é incentivada, permitindo que os alunos reflitam sobre seu próprio desempenho e aprendizado durante o processo.
Créditos: Eduarda Lazzaretti
Entre as principais vantagens da ABP, está o aumento da motivação dos alunos, do engajamento com a disciplina e da participação em relação ao seu aprendizado . A metodologia valoriza o trabalho em grupo, fortalecendo o espírito colaborativo e a formação social e pessoal dos estudantes.
A ABP ainda desenvolve habilidades interpessoais essenciais, como a comunicação, o trabalho em equipe e a resolução de conflitos. Outra vantagem é a integração de diversas áreas do conhecimento e a promoção do pensamento crítico.
Embora apresente inúmeras vantagens, a ABP também traz alguns desafios. A falta de tempo, os recursos financeiros escassos e o treinamento inadequado dos professores são obstáculos que podem dificultar sua implementação. Além do mais, a adaptação do currículo e a reformulação dos processos de avaliação demandam uma mudança de concepção e práticas avaliativas.
No entanto, os defensores dessa metodologia argumentam que os benefícios superam as dificuldades , destacando a formação de indivíduos autônomos, o desenvolvimento cognitivo avançado e o aumento da responsabilidade dos estudantes.
De qualquer forma, a Aprendizagem Baseada em Problemas emerge como uma estratégia educacional promissora. Seja preparando os estudantes para os desafios do mercado de trabalho, seja para a solução de problemas diversos ao longo da vida.
É encorajador considerar a sua implementação nas escolas, proporcionando aos estudantes uma educação mais envolvente, significativa e alinhada às demandas do mundo contemporâneo.
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Por Bibiana Bratti
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