O tema não é novo. Smartphones e outros dispositivos há muito geram controvérsia. Afinal: o uso da tecnologia em sala de aula é um recurso que contribui ao aprendizado do aluno ou é pura distração?
É indiscutível que grande parte da população que está hoje nas universidades faz uso de tecnologias como smartphones e tablets –para estudar, trabalhar e mesmo para se distrair. Faz sentido. Segundo dados do relatório Estado de Serviços Móveis, os brasileiros passam mais de três horas por dia utilizando aparelhos celulares e 97% da população têm acesso a smartphones.
Ainda assim, uma lei promulgada em 2007 (nº 2.246-A) proíbe o uso de telefone celular nas escolas públicas do país. E, em 2015, o deputado federal Alcem Moreira (PMDB-RS) quis estender ao medida ao propor um Projeto de Lei para proibir “o uso de aparelhos eletrônicos portáteis nas salas de aula dos estabelecimentos de educação básica e superior”.
O PL ainda aguarda parecer da relatoria da Comissão de Educação (CE) do Legislativo. Não obstante, escolas e universidades apostam cada vez mais na tecnologia para o processo pedagógico – seja smartphones, instrumentos de inteligência artificial ou de realidade aumentada. É um caminho sem volta.
Conforme dados da Educause, associação sem fins lucrativos que promove o uso da tecnologia na educação, as universidades americanas devem incorporar a realidade aumentada em 100% dos currículos em até três anos.
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Quem atua na área educacional concorda com a necessidade de aplicar a tecnologia no processo de aprendizagem. É o caso de
Brad Turner, vice-presidente e gerente geral de educação e alfabetização global da Benetech – empresa de software educacional sem fins lucrativos, que cria ferramentas para estudantes com dislexia e outros problemas de leitura.
Em entrevista ao jornal The New York Times, Turner afirma que “a tecnologia é o grande equalizador” para fazer com que “todo aluno aprenda da maneira que precisa aprender ou quer aprender, na medida em que deseja aprender”.
Então, onde mora o problema?
É preciso considerar que, com a facilidade de acesso, muitos alunos usam indiscriminadamente as tecnologias em sala de aula, e isso incomoda muitos educadores.
Ao mesmo tempo, professores e profissionais da educação estão descobrindo que, em vez de distrair, os dispositivos estrategicamente aplicados aumentam o envolvimento dos alunos, especialmente aqueles com dificuldades de aprendizagem.
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“Ao proibir a tecnologia, você fecha o acesso entre a sala de aula e o mundo exterior”, afirma ao Times Christine Greenhow, professora associada de aconselhamento, psicologia educacional e educação especial da Michigan State University.
Ela acrescenta: “Se você perceber que seus alunos estão distraídos com seus celulares ou laptops, você deve se perguntar: ‘O que estou fazendo no ensino que não é atraente?’”.
Parece óbvio. Mas não é. Conforme artigo publicado recentemente pela Unicamp, a combinação entre tecnologia e educação aparenta ser um par perfeito. E ela é, desde que aplicada corretamente.
Na prática, é possível perceber dois problemas no uso das tecnologias em sala de aula. E o primeiro deles origina o segundo:
- O uso das tecnologias como ferramentas, de forma anacrônica e sem a significação metodológica.
- O uso das tecnologias com fim em si mesmo.
Em outras palavras, é preciso compreender a tecnologia como ferramenta a ser utilizada para determinado fim educacional, a partir de uma metodologia que a integre, consciente dos demais impactos que provoca na sociedade.
Para os alunos do ensino superior, a questão é aparentemente mais fácil de resolver, se comparado o desafio com a educação básica. De toda forma, é necessário que se chegue a um consenso. Seja com telas e robôs ou lousa e giz, o importante é garantir a qualidade do ensino e da aprendizagem.
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