Educadores das mais variadas áreas do conhecimento têm se dedicado a estudar inovação aplicada às novas metodologias. A gamificação e a sala de aula invertida são alguns exemplos de como a tecnologia tem ganhado espaço na interação aluno-conteúdo. Mas calma lá: nenhum robô vai invadir seu computador e palestrar durante horas sobre matemática aplicada. Os professores vão continuar existindo. O que muda é que, em um cenário cada vez mais desenvolvido, eles precisam se reinventar.
O aluno também não é mais o mesmo. É impossível manter a concentração dos estudantes como há 20 anos, quando a disputa de atenção não competia com o fascínio pelos smartphones. Instruir alunos a gerenciar seu próprio tempo é um dos desafios da capacitação docente. Se, por séculos, o professor desempenhou um papel de gerenciador, acompanhando a evolução dos trabalhos e cobrando empenho, agora seu papel consiste em ensinar o aluno a administrar sozinho suas tarefas. O atendimento personalizado, que considera as competências e dificuldades, estimula o raciocínio e a o crescimento do aluno – seja frente a frente ou pela tela do computador.
O professor não é mais aquele protetor que orienta cada passo que o aluno dá, mas precisa encorajar a turma a buscar conhecimento por si mesma. O desafio consiste justamente em estabelecer esses processos de descoberta. “O que se praticava na educação tradicional era disponibilizar instruções. O grande trabalho é transformar informação em um saber próprio do aluno, isso só acontece por meio de práticas que incentivem a reflexão”, avalia Ivete Palange, psicóloga, conselheira da Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED) e educadora com mais de 20 anos de experiência em metodologias a distância.
Por meio de uma relação individual, o docente garante a formação de líderes proativos e engajados. “O sucesso é definido de maneira diferente para cada estudante, mas dar expectativas claras sobre o que se espera deles em diferentes níveis de performance fará com que eles trabalhem isso durante o curso. Certifique-se de indicar os problemas que podem estar à frente deles e de perguntar constantemente como você pode ajudar”, sugere Brian Morgan, presidente e professor associado do Departamento de Ciência e Tecnologia Integrada da Universidade Marshall, nos Estados Unidos, em artigo.
Educação é processo coletivo
Conhecimento não se constrói sozinho. Criar metodologias que repensem o ensino e a aprendizagem requer uma reflexão geral. Nesse sentido, o incentivo à qualificação ainda é recente, mas promete avanços. “Mais fóruns de debate podem fomentar a troca de experiências. Acredito no poder de grupos de estudo, em que uma pessoa partilha sua experiência e a outra aplica à sua realidade. A discussão está muito no nível do professor, não necessariamente da instituição. Se você não discute suas dificuldades você fica isolado e não evolui”, afirma Ivete.
A tecnologia revolucionou a forma de realizar muitas tarefas. O uso do tempo sofreu readequações e, quem diria, o conhecimento está ao alcance da tela. Nessa relação mediada por computador entre a informação e o receptor, o conteúdo deixa de ser o ponto mais importante. Entram em foco as condições para que o aluno aprenda efetivamente.
Não existe uma fórmula mágica. Cada área precisa encontrar soluções em métodos pedagógicos, que combinem tecnologia aos processos online e off-line, aplicáveis à sua realidade. “A gestão de cursos na saúde tem uma demanda diferente da engenharia. A Universidade de Foz do Iguaçu repensou recentemente sua proposta. Agora, o professor orienta projetos; e o aluno tem uma sequência curricular linear, dispõe de informações para um desenvolvimento prático e conta com o apoio do ambiente virtual”, exemplifica Ivete Palange.
Mas é claro que não são só os professores que precisam se adaptar. Os alunos precisam desenvolver competências para aprender na nova sala de aula – sem classes ou quadro, cheia de possibilidades e interação. Algumas técnicas podem auxiliar o processo. Com um pouco de interação social, combinada à tecnologia; além de aperfeiçoamento constante, por exemplo, até o funcionamento do cérebro se reorganiza, de maneira a facilitar a assimilação, o relacionamento interpessoal e a própria aprendizagem.
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