A polêmica a respeito de provas e testes é tão antiga que parece ser eterna. Os questionamentos sobre a efetividade e mesmo a justiça desse tipo de avaliação acompanham a vida acadêmica desde as primeiras séries do ensino formal até a graduação superior. Por um lado, é o método mais objetivo e igualitário de testar os conhecimentos dos alunos; por outro, fatores como ansiedade, cansaço ou insegurança podem afetar negativamente um estuante que se sairia muito bem em outras condições de ambiente. Pensando nisso, a Universidade do Texas, nos Estados Unidos, têm realizado experimentos no que tange à avaliação de seu corpo discente.
Naquele país, protestos contra as provas padronizadas têm se tornado lugar comum, sobretudo entre os pais de alunos ainda no Ensino Médio. Críticos do que aqui nós chamamos de “decoreba”, eles vêm exigindo das escolas que não transformem as atividades em repetições exaustivas sem reflexão. Essa oposição é embasada por recentes estudos que demonstram que as provas deveriam contribuir com o aprendizado do aluno, e não representar obstáculos. Tal movimento é o que levou a Universidade do Texas a novas abordagens.
As temidas provas são objetivas, mas serão justas?
[FONTE: Milwaukee College]
Uma equipe de professores de Psicologia da instituição decidiu abandonar as provas tradicionais e substituiu os temidos exames finais por pequenos testes distribuídos ao longo do semestre. As perguntas rápidas eram respondidas logo no início de cada aula, retomando os conhecimentos adquiridos até então. A princípio, os estudantes não gostaram, pois sentiam ter obrigações constantes, enquanto alunos de outros cursos podiam esperar até o fim do semestre para se preocupar.
Mas a estratégia se mostrou acertada. Ao fim do período letivo, as turmas do experimento tiveram um desempenho significativamente melhor do que as turmas comuns, tanto nas notas finais quanto em um teste maior realizado para todas as turmas, a fim de medir os resultados da pesquisa. Segundo os psicólogos, os testes menores e mais frequentes beneficiaram principalmente aqueles alunos que só percebem que estão atrás do resto da turma durante os exames finais, quando já é tarde demais.
Boas notícias para o cérebro
O pesquisador Henry L. Roediger III, da Universidade de Washington, apoia a iniciativa do Texas e garante que esse é o melhor caminho para o ensino. De acordo com o especialista, testes variados – que não tenham sempre o mesmo formato, nem o mesmo tamanho e nem sigam o mesmo calendário – tornam o aprendizado mais profundo, por fugirem da rotina. Em maiores detalhes, o caso é que essas variações criam novas conexões no cérebro ao invés de utilizarem conexões já estabelecidas. E quanto maior a rede de associações mentais relacionadas a um assunto, mais sedimentado ele fica na memória.
Testes frequentes podem evitar as enxaquecas de fim de semestre
[FONTE: Gainesville Scene]
Outra tática para promover essas benéficas conexões é criar testes que exijam conhecimentos interdisciplinares. Doug Rohrer, cientista cognitivo da Flórida, realizou diversos experimentos com crianças nos quais entregava a um grupo testes comuns com problemas de matemática, e, a outro grupo, testes que misturavam os problemas de matemática a outras habilidades, como a criação de gráficos. No curto prazo, os testes padrão produziram melhores resultados. Mas ao final do ano, os alunos que fizeram os testes mistos tiveram nota mais altas nos exames finais, com resultados cerca de 30% melhores.
Os testes frequentes sem dúvidas estão mais alinhados à tendência de acompanhamento próximo aos alunos. Em tempos de ensino online, sua realização é ainda mais fácil e contribui com o engajamento do estudante. Em sua instituição de ensino, como são aplicadas provas e avaliações? Quais os prós e contras de uma nova abordagem? Amplie o debate e assine nossa newsletter para seguir a conversa.
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