A terminologia estudante de risco é utilizada nos Estados Unidos para se referir ao aluno de ensino médio com tendência a falhar na escola ou a largar os estudos a qualquer momento. Muitas vezes, essa condição está associada à necessidade de começar a trabalhar para auxiliar a família, uma vez que esse estudante usualmente está em condição de pobreza, ou à falta de um lar. No entanto, um estudo realizado naquele país pela Alliance for Excellent Education (aliança para a excelência na educação, em tradução livre) e pelo SCOPE (Stanford Center for Oportunity Police, ou centro de políticas de oportunidade de Stanford) mostrou que proporcionar o acesso do aluno de risco à tecnologia, usando métodos relacionados ao blended learning, tem se mostrado uma saída viável para incentivar o estudante a se manter na escola.
O relatório resultante da pesquisa, chamado “Usando a tecnologia como suporte ao aprendizado dos estudantes de risco”, mostrou uma grande disparidade no quesito acesso à tecnologia entre escolas que atendem a alunos de baixa renda e outras com estudantes mais afortunados. Nas instituições em que os alunos pouco têm acesso a computadores, se tornou um desafio para os professores propor tarefas. Afinal, eles afirmam que apenas 3% de seus alunos têm as ferramentas necessárias para realizar os trabalhos de casa com sucesso.
Para inserir a tecnologia na sala de aula, no entanto, é preciso ter atenção a alguns tópicos. Primeiramente, é essencial não adotar a prática do “decoreba” para o conteúdo online, jogando informações para o aluno e o testando, sem incentivar a reflexão. Esse tipo de atitude é especialmente danosa ao aluno que não tem o hábito de utilizar computadores e internet, pois ele dificilmente conseguirá aprofundar o conhecimento prontamente, pesquisando e assimilando conteúdos adjacentes.
Além disso, a tecnologia não deve substituir a pessoa do professor, afinal, o aluno de risco necessita do apoio de um tutor para seguir nos estudos. Apenas prover o acesso à tecnologia ao estudante que não o tem não é o suficiente. Dessa forma, em vez de inclusão, o que ocorrerá é a reafirmação da disparidade entre os estudantes que possuem muitos recursos e os que são considerados de risco. Para isso, o relatório destacou alguns tópicos importantes para a aplicação de projetos inclusivos nas escolas:
– as políticas de oportunidade devem almejar que cada aluno tenha acesso a um computador, individualmente;
– é importante que os computadores utilizados no projeto tenham acesso à internet com boa velocidade;
– a tecnologia concebida para gerar alto nível de interatividade e engajamento, além de disponibilizar dados em múltiplos formatos, deve ser priorizada;
– os planos de ensino devem incentivar os alunos a não apenas aprender via digital, mas a produzir conteúdo também; e
– professores e tutores devem promover ambientes de educação híbrida, gerando equilíbrio entre o seu encorajamento, a interação entre os alunos e o bom uso da tecnologia.
Da mesma forma, o estudo afirma que é preciso que professores e tutores tenham acesso ao treinamento adequado para utilizar os recursos do ensino digital da melhor forma com seus estudantes, bem como para aprenderem a usufruir de todas as funcionalidades dessas tecnologias.
O relatório proposto pelas entidades norte-americanas é mais um exemplo do quanto a tecnologia pode influenciar positivamente o ensino, de forma inclusiva e encorajadora. Como afirmou Ryon Braga, no Fórum de Lideranças Desafios da Educação, a educação híbrida vem se apresentando não apenas como um ponto de transição na ensino, mas como um caminho para o futuro, quando a divisão entre o ensino presencial e a educação a distância não mais irá existir.
E você? Conhece casos em que a tecnologia incentivou o aluno a não desistir dos estudos? Compartilhe conosco e, para ficar a par dos últimos desafios da educação, assine nossa newsletter.
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