Professores despreparados, sistemas educacionais defasados e alunos desestimulados geralmente figuram nas listas dos principais desafios da educação no Brasil. Apesar desse cenário, há boas notícias no mercado: muitos empreendedores enxergam nesses problemas a oportunidade de gerar negócios promissores.
É o caso de porto-alegrense Miguel Andorffy. O jovem engenheiro é criador da Me Salva!, considerada uma das maiores plataformas de conteúdo educacional no país – em agosto, a Me Salva! lançou a primeira edição do livro 1001 Questões Para Fazer Antes de Passar no ENEM, em parceria com a editora Penso.
O nicho explorado por Andorffy constitui o principal esforço das edtechs. Das 364 startups de educação em atividade no Brasil, 61% delas trabalham na produção de conteúdo. Entre as demais soluções oferecidas destacam-se coleta e análise de dados, gerenciamento de informações e distribuição de materiais de estudos. Além disso, chama a atenção o fato de que 70% delas total se valem de aplicações online, ou SaaS (Software as a Service), para gerar receita.
Especialidades das edtechs
Os dados apresentados são do Mapeamento Edtech 2018, produzido pela Associação Brasileira de Startups (ABStartups) em parceria com o Centro de Inovação para a Educação Brasileira (Cieb).
Realizado entre janeiro e abril de 2018, o levantamento coloca a educação como principal negócio no segmento de startups no Brasil. Das quase 6 mil empresas de tecnologia em atividade no país, 7,8% (364) são edtechs. A participação é superior a categorias como fintechs (3%), de serviços financeiros, e agtechs (3,1%), de agronegócio.
As edtechs estão presentes em praticamente todos os estados, com exceção do Tocantins. “Isso mostra como os empreendedores brasileiros estão comprometidos em melhorar a nossa educação”, afirma Daniel Machado, diretor do comitê de edtechs da ABStartups.
A maior concentração ocorre nos grandes centros urbanos, com destaque para São Paulo, onde estão sediadas 43% das edtechs brasileiras. “Além de ser um polo de desenvolvimento, é onde o governo estadual tem apostado muito em tecnologia”, observa Machado, a respeito da prevalência paulista.
Segmentos e tecnologias
Os principais segmentos identificados na pesquisa são: educação básica (47%), cursos livres (19%), corporativo (8%), ensino superior (6%) e idiomas (4%) – 14% das edtechs trabalham para mais de um nicho.
Machado acredita que há espaço para novas empresas e expansão em todos esses segmentos. Sobre o ensino superior, destaca a quantidade de instituições: “Temos cerca de 3 mil instituições privadas no país, mas os empreendedores não têm oferecido tantas soluções quanto poderiam. A rigor, as faculdades têm bom poder aquisitivo, sendo assim um mercado a ser explorado.”
Entre os produtos e serviços tecnológicos oferecidos aparecem jogos educacionais, plataformas adaptativas, sistemas gerenciadores de aprendizado, de conteúdo e de informação estudantil SIS – que é a utilização de dados e informações para realização de processos internos, administrativos e operacionais.
“Com apoio tecnológico, o gestor consegue depurar as informações e resolver muitos problemas”, garante o responsável pelas edtechs na ABStartups.
Para baixar a íntegra do Mapeamento Edtech 2018, clique aqui.
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