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Agronegócio impulsiona demanda por educação

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Ascensão de tecnologias e desenvolvimento do agronegócio exigem capacitação para cargos operacionais e de gestão – um nicho atraente para instituições de educação. Crédito: iStock.

Responsável por quase 25% do PIB e por 44% das exportações brasileiras, o agronegócio também se converteu em celeiro de oportunidades para o segmento de educação. A análise é de Angelo Gurgel, coordenador do Mestrado Profissional em Agronegócio da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Segundo ele, o desenvolvimento do campo e da tecnologia obrigaram os produtores e trabalhadores rurais a buscarem novas competências e habilitações técnicas – seja em grandes negócios do agribusiness ou mesmo na agricultura familiar. A necessidade de capacitação tem origem nas mais variadas razões. “Não apenas em relação ao leque tecnológico, mas também às atividades rotineiras”, diz Gurgel.

Dados de 2016 divulgados pela Associação Brasileira de Marketing Rural & Agronegócios (Abmr&a) mostram que 21% dos produtores rurais têm curso superior ou pós-graduação, com destaque às áreas de agronomia (42%), veterinária (9%) e administração de empresas (7%).

O índice – superior inclusive ao da média nacional de pessoas com curso superior, que é de 14% – segue uma tendência de alta para os próximos anos. A explicação: na última década, o número de pessoas da zona rural com mais de 12 anos de estudo praticamente triplicou, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A demanda em potencial revela uma série de oportunidades para instituições de ensino superior e de educação profissional. A FGV, por exemplo, é uma das pioneiras no Brasil a lançar um mestrado profissional direcionado ao setor. O curso integra conhecimentos ao uso de ferramentas de ponta sobre economia, gestão e ciências agrárias. Conforme a ementa, ao final do programa os alunos estão capacitados a ocupar cargos de gestão e liderança em empresas e instituições vinculadas a áreas como agricultura, pecuária e energia.

Na mesma toada, a Fundação Instituto de Administração (FIA), de São Paulo, conta com um MBA em Gestão Estratégica do Agronegócio, inclusive com opção de módulo optativo na França, no Institut d’Administration des Enterprises, da Université Pierre Mendès France, em Paris. A Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), em Piracicaba (SP), e o Centro Universitário Fundação de Ensino Octávio Bastos (Unifeob), em São João da Boa Vista (SP), também oferecem MBA nas modalidades presencial e a distância.

Agronegócio dá oportunidade ao EAD

Apesar dos bons exemplos mencionados, o agronegócio ainda sofre com baixa oferta de cursos, graduações e pós-graduações. “É um nicho onde circulam bilhões de reais e há empregos disponíveis, mas ainda não existe grande penetração das instituições de ensino”, ressalta Rodrigo Madeira, gerente de Novos Negócios do Grupo A Educacional.

O especialista acredita que, para a educação, ainda há muito campo a semear. Como os trabalhadores rurais geralmente vivem em regiões afastadas dos grandes centros urbanos, o ensino a distância (EAD) acaba se tornando uma alternativa promissora às IES. “No digital é muito mais fácil empacotar estudos, explicações e novidades, entregando conteúdo de qualidade e de maneira até mais conveniente do que pelo modelo presencial”, salienta.

A relação entre EAD e agronegócio ainda abre margem para o desenvolvimento de projetos do universo das startups. Muitos empreendedores fazem parte de um movimento intitulado “AgTech”, termo em inglês que caracteriza tecnologias que digitalizam, conectam e automatizam a produção agropecuária.

Lançada em 2017, a plataforma de EAD AgriSchool é uma das novidades desse mercado no Brasil. Resultado de uma parceria entre o Grupo A e o Instituto Phytus, o sistema nasceu direcionado a engenheiros agrônomos e técnicos recém-formados. Para este ano, entretanto, o leque já está mais amplo, com a programação do desenvolvimento de conteúdos para as demais culturas.

Redação
A redação do portal Desafios da Educação é formada por jornalistas, educadores e especialistas em ensino básico e superior.

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