Assim como a educação, as formas de ver o ensino também estão se transformando, pois elas são um reflexo das novas gerações de estudantes. Por isso, a melhor forma de compreender as reais demandas da área é ampliando o debate para os próprios alunos, para entender o que pensam a respeito de sua própria educação. Com isso em mente, alunos da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, reuniram-se no último mês na Faculdade de Design, conhecida como d.school, para debater questões referentes às possibilidades de reimaginar as formas de aprender e ensinar. Para repensar os modelos de educação propostos naquele campus, os organizadores do evento perguntaram aos alunos: o que seria extraordinário pra você? Com a liberdade de pensamento, o resultado dos encontros foram ideias provocativas e corajosas, que podem fomentar o debate além dos limites do campus e inspirar a todos que trabalham na área.
De acordo com Sarah Stein Greenberg, diretora da d.school, as oportunidades que surgem atualmente no ensino superior são exatamente o tipo de desafio com o qual pensadores ficam empolgados. Além disso, ela destacou que o potencial de ruptura do advento da educação a distância tirou todos de sua zona de conforto, trazendo a necessidade de repensar os modelos hoje oferecidos em sala de aula. Para Sarah, um projeto centrado na experiência humana pode oferecer respostas sobre as reais necessidades educacionais dos estudantes. E esse conceito, sabemos, é central na proposta do ensino online.
As propostas que surgiram no encontro foram organizadas por seus princípios teóricos, dando origem aos seguintes modelos de ensino:
Universidade em looping
Esse conceito visualiza a experiência acadêmica não como algo pontual, mas que se desenvolve ao longo da vida. O aluno retoma constantemente sua formação, intercalando-a com sua atividade profissional. Após algum tempo de prática, o estudante retorna ao campus para uma atualização. Já o estudante em início de curso tem a oportunidade de testar fora do campus, no mercado de trabalho, o que foi aprendido na universidade antes de concluir a primeira etapa de sua formação. É interessante perceber que, na EAD, esse conceito não é apenas aplicável como está sendo utilizado, de certa forma. Afinal, a educação continuada é um dos motes da formação online, que tem um grande apelo entre profissionais que já estão inseridos no mercado.
Educação personalizada
Esse modelo propõe o uso do adaptive learning como substituto para o formato de graduação em semestres. Em vez de progredir de calouros a formandos, os alunos atravessam fases de ensino personalizado em diversos níveis. Dessa forma, o estudante tem a chance de escolher em que conteúdos irá se aprofundar e a universidade terá um melhor entendimento dos estilos e capacidades de aprendizado de cada um. O uso das plataformas adaptativas já é bastante comum no ensino a distância.
A mudança de eixo
Nessa proposta, a ideia é organizar o currículo de acordo com competências e habilidades que poderão ser utilizadas nos mais variados contextos durante a vida profissional, e não apenas discutidas nas tradicionais disciplinas acadêmicas. Com a adoção desse método, o campus teria que ser redesenhado fisicamente, para comportar os diferentes eixos de capacidades no qual o ensino se basearia. Para o aluno de EAD, a barreira física é inexistente, então uma reformulação curricular baseada nesses termos seria mais rápida, talvez mais eficiente e certamente reversível, se necessário.
Aprendendo com um propósito
Por meio desse modelo, os estudantes estabeleceriam uma missão para sua experiência acadêmica e direcionariam seu aprendizado para o cumprimento da mesma. A meta desse tipo de ensino seria acelerar as contribuições da universidade para transformações reais no mundo, por meio da conversão da experiência acadêmica em algo extremamente pessoal e cheio de significado. Grandes empreendedores que têm projetos em mente e necessitam de uma formação voltada para a efetivação de suas ideias fariam bom proveito dessa proposta, que reuniria em um curso personalizado todos os conhecimentos necessários para o sucesso da empreitada.
É interessante perceber que muito do que permeia o imaginário estudantil sobre o que seria extraordinário em sua educação parece se inspirar diretamente em conceitos já adotados ou, pelo menos, debatidos no âmbito do ensino online. Faz sentido, uma vez que os jovens acadêmicos de hoje são nativos digitais. Ou seja, alunos que já pensam de uma forma bastante pautada pelas infinitas possibilidades que a internet trouxe tanto para a educação quanto para outras áreas. Trazer, portanto, as demandas e questionamentos desse grupo é muito relevante para que o ensino continue sempre inovando, mas sem perder de vista sua maior missão: gerar conhecimento.
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