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As vantagens dos laboratórios virtuais nas graduações de saúde EAD

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Em graduações EAD na saúde laboratórios virtuais garantem treinamentos práticos da profissão. Créditos: Divulgação/Unopar.

Em graduações EAD na saúde laboratórios virtuais garantem treinamentos práticos da profissão. Créditos: Divulgação/Unipar.

Uma pesquisa divulgada recentemente pela consultoria Educa Insights confirmou que o interesse por cursos EAD, que já vinha crescendo, aumentou por conta da pandemia. A novidade é que as graduações EAD na área da Saúde também estão crescendo em importância.

O levantamento divulgado em novembro mostrou que, entre as 15 graduações mais citadas (que representam 70% do total de menções), as de modalidade EAD relacionadas à área da Saúde – Enfermagem, Nutrição, Educação Física e Biomedicina – correspondem por 17,5% do interesse dos entrevistados.

“A preferência por formações na área da saúde expõe a crescente valorização desses profissionais durante o combate à pandemia, em especial na linha de frente de enfrentamento”, disse em nota o diretor presidente da Abmes, Celso Niskier.

Os dados do Censo da Educação Superior corroboram a tendência. Em 2010, apenas 573 pessoas ingressam em um curso EAD na área da saúde. Nove anos depois, em 2019, número saltou para 169 mil – o que representa 24% do total de novos alunos em graduações a distância na área da saúde.

Mas a oferta é polêmica. A principal resistência vem de conselhos profissionais, que antes da pandemia chegaram a adotar medidas extremas. Os conselhos nacionais de Odontologia, Farmácia e Medicina Veterinária, por exemplo, vetaram a formação de alunos alegando que disciplinas virtuais são insuficientes e que atividades práticas presenciais são indispensáveis para futuros farmacêuticos, dentistas e veterinários.

Com a evolução das tecnologias educacionais nos últimos anos, porém, atividades práticas que antes eram feitas de forma presencial em um laboratório agora podem ser simuladas em ambiente virtual de aprendizagem (AVA ou LMS, na sigla em inglês). E, apesar disso, os cursos da saúde EAD ainda mantêm obrigatoriamente a realização de atividades práticas presenciais.

A dinâmica dos cursos da saúde EAD

A suposta ausência de presencialidade é a confusão mais comum em relação aos cursos de saúde EAD. Só que, na verdade, a parte prática das disciplinas profissionalizantes e os estágios são obrigatoriamente presenciais. Ou seja, nenhum aluno chega à formatura sem ter contato com pacientes durante a graduação.

Leia mais: Saúde, Engenharia, Direito EAD: debate tem mais opinião do que evidências

A Unipar (Universidade Paranaense), por exemplo, oferece seis cursos EAD na área da saúde: Educação Física, Nutrição, Farmácia, Biomedicina, Fisioterapia e Estética e Cosmética. Todos eles, contudo, funcionam em um modelo semipresencial, com uso da metodologia ativa conhecida como sala de aula invertida.

Isso significa que, em um primeiro momento, o aluno estuda por conta própria no ambiente virtual de aprendizagem. Nessa etapa, ele conta com o apoio dos laboratórios virtuais da Algetec, empresa que desde 2011 desenvolve soluções tecnológicas para Ensino Superior.

laboratorios virtuais labs

Em Biomedicina – um dos cursos da saúde mais procurados da modalidade EAD na Unipar –, a tecnologia permite simular tudo o que acontece em um laboratório de análises clínicas. Quando chegar ao laboratório físico ou a um estágio clínico, o estudante está mais preparado para treinar suas habilidades manuais e resolver eventuais dúvidas.

Irinéia Baretta.

Para Irinéia Baretta, professora dos cursos da área da Saúde da Unipar, quanto mais práticas virtuais mais facilidade os alunos têm para fixar a aprendizagem.

É indispensável estar com o paciente. Mas, ao chegar neste momento, quem trilha o caminho dos laboratórios virtuais antes está anos luz à frente de quem não teve essa oportunidade.

À semelhança da graduação de Biomedicina, a de Estética e Cosmética realiza todo o treinamento prático em laboratórios virtuais. A presencialidade fica reservada aos estágios obrigatórios.

Já os cursos de Medicina, Enfermagem, Odontologia e Psicologia, embora presenciais, utilizam os laboratórios virtuais sobretudo como complemento de disciplinas elementares, como anatomia, bioquímica e fisiologia celular.

O laboratório virtual de anatomia, por exemplo, resolve um problema comum às instituições de ensino superior: a ausência de cadáveres para estudo. No campo da química, a solução também gera economia de reagentes. Os alunos, por sua vez, podem repetir os experimentos quantas vezes for necessário. Ou seja, os laboratórios virtuais trazem diversas vantagens à IES.

Leia mais: Laboratórios virtuais na educação: o que são, quais os benefícios e como utilizá-los 

Intersecção entre presencial e EAD

Raquel Motta é sócia-proprietária da Prisma Consultoria e especialista em gerenciamento de processos de educação e implementação de tecnologias digitais no ensino. Em entrevista ao portal Desafios da Educação, Motta afirmou que a oferta de cursos EAD na área da saúde é “um caminho sem volta”.

“Instituições que levam a sério o uso dos recursos digitais no ensino em saúde já estão despontando como modelos de escolas do futuro, ao demonstrarem o quanto esses recursos são capazes de estabelecer relações efetivas com os modelos presenciais e híbridos, de forma a agregar ao ensino um formato propulsor da aprendizagem cognitiva”, disse ela.

Segundo Motta, para que a formação seja a mais completa possível, as modalidades de ensino devem ser complementares, e não concorrentes.

É o que a Unipar – com unidades em várias cidades do oeste do Paraná, como Umuarama, Cascavel e Toledo – assimilou nos cursos da área da saúde oferecidos no modelo EAD. Além do mais, em paralelo aos laboratórios virtuais e estágios, as atividades práticas da instituição acontecem no Centro de Simulação em Saúde (CSS). O CSS é um complexo de espaços físicos que simula desde procedimentos simples, como consultas, primeiros socorros e até casos cirúrgicos e de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

O próximo passo para os cursos de saúde EAD na Unipar, segundo Baretta, é integrar o CSS e elementos de gamificação aos laboratórios virtuais. A ideia, com isso, é aumentar a conexão entre as atividades virtuais e presenciais. “O aluno que transitar entre o virtual e o presencial é aquele que vai ter mais sucesso”, completa.

Leia mais: 3 benefícios pedagógicos das tecnologias imersivas

Redação
A redação do portal Desafios da Educação é formada por jornalistas, educadores e especialistas em ensino básico e superior.

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