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Como ensinar expectativas comportamentais em sala de aula

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Imagine que um aluno entra na aula de Inglês e descobre que é o mais temido dos dias – o dia de receber de volta os trabalhos entregues. Enquanto ele recebe o seu, o professor começa a criticá-lo por seus erros, dizendo: “Você deveria ter pensado melhor antes de escrever sua tese dessa maneira.” E se o professor acrescentar: “Essa é a terceira vez este mês. O que eu vou fazer com você?” antes de enviá-lo para a coordenação devido ao seu erro?

Alunos que cometem erros acadêmicos têm tempo para rever, reaprender e reavaliar até que dominem o conteúdo. Já estudantes que erram ao conseguir atender as expectativas de comportamento, são interpretados como desobedientes e ficam suscetíveis a, por exemplo,  suspensão da sala de aula e outras correções disciplinares. Quando observamos as respostas e reações comuns em casos de problemas acadêmicos e dificuldades de comportamento, a disparidade fica evidente. Isso porque os educadores são preparados e muito bem treinados para lidar com questões acadêmicas e erros nesse aspecto, e sabemos que atitudes como suspensão e repreensão na sala de aula não são respostas adequadas a problemas com o conteúdo, por exemplo. De alguma forma, porém, práticas assim tornaram-se aceitáveis na maneira de conduzir problemas de comportamento e disciplina dos alunos.

O problema do: “se lhe disseram, ele deveria saber”

É comum que professores considerem que, ao lidar com jovens e adultos, não será necessário e nem é de sua responsabilidade ensinar os alunos como estes devem se comportar no ambiente escolar e acadêmico. O professor Aaron Hogan conta que em turmas de ensino médio, por exemplo, ele achava que, se no primeiro dia de aula ele alinhasse com a turma suas regras e políticas, já estaria fazendo o necessário para estipular uma conduta de comportamento com os estudantes. Enquanto com assuntos acadêmicos e de conteúdo, o processo era bem mais robusto e munido com diversos recursos, como modelos de aprendizagem, técnicas de repetição, e outras metodologias para melhorar o processo de ensino.

Então, o que aconteceria se o educador ensinasse as expectativas de comportamento da mesma forma com que lida com o processo de ensino?

E se ao invés de olhar para os alunos como pessoas que desobedecem deliberadamente todas as boas maneiras as quais foram ensinados, começarmos um processo para ensinar as nossas expectativas em relação ao comportamento dos alunos com as melhores práticas, muitas vezes reservadas para o trabalho acadêmico? Isso permitiria que os alunos internalizassem as expectativas disciplinares melhor e por mais tempo.

Abaixo o professor Aaron Hogar apresenta algumas dicas para quem deseja melhorar o comportamento dos estudantes:

Uma maneira melhor

Aqui estão algumas ideias iniciais para o caminho certo:

  • Seja claro com as suas expectativas.
  • Elabore uma lista de maneiras ​​para ensinar essas expectativas (não se esqueça de incluir os modelos).
  • Estime quantas vezes você precisará repetir esta lição. Para isso, crie um cronograma e estabeleça uma lista de sinais que indicam quando é hora de ensinar novamente. 

É importante voltar para esses lembretes três vezes ao longo do ano. Com as expectativas definidas, é possível observar se os alunos respondem de maneira positiva.

O que você pode fazer? 

Se você é um professor de sala de aula e está interessado ​​em experimentar essa mudança de atitude em relação a problemas de comportamento, aqui estão algumas perguntas que podem servir como ponto de partida:

  • O que os estudantes fazem enquanto eu, professor, estou falando?
  • Quais são as expectativas do professor quando os alunos entram na sala de aula?
  • Quais são as expectativas do professor para dispositivos eletrônicos na sala de aula?
  • O que os estudantes fazem quando eles retornam após um período ausente? 

Para uma abordagem em toda a escola, considere a criação de lições para estabelecer de forma consistente estas expectativas dentro do campus, a fim de liderar pelo exemplo:

  • Não se atrase para as aulas.
  • Siga o código de vestimenta.
  • Coma comida na cantina, e somente lá.
  • Em eventos esportivos, grite incentivando sua equipe em vez de contra o adversário.
  • Nos corredores, pare e ouça se um adulto se dirigir até você. 

É o correto

No primeiro dia de aula com estudantes do segundo ano do ensino médio, os alunos de Inglês III do professor Aaron Hogar muitas vezes o ouviram dizer “vocês estão um dia mais perto de se formarem no Ensino Médio do que de estarem no Ensino Fundamental — então vamos agir como tal”. Foi um pequeno discurso que ele considerava apropriado tendo em vista que, sob sua ótica, no ensino médio, os alunos já sabem como se comportar. Contudo, ele mesmo se surpreendeu ao ver que não apenas a realidade não era essa, como também a principal mudança precisava vir do professor e não do aluno; e ao passo que ele mudou suas atitudes em relação ao comportamento dos alunos, os próprios estudantes passaram a mudar também.

A conclusão de Hogan é de que ensinar as expectativas de comportamento com modelos e repetição, por exemplo, e outros métodos usualmente aplicados para questões acadêmicas, pode ajudar os alunos a entender suas expectativas da mesma forma com que acabam aprendendo o conteúdo.

Você concorda com essa ideia? Como você lida com problemas de comportamento na sua sala de aula? Compartilhe suas ideias e experiências!

Fonte: Edutopia

Redação
A redação do portal Desafios da Educação é formada por jornalistas, educadores e especialistas em ensino básico e superior.

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