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Como combinar imagens e texto para um melhor aprendizado

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O uso de recursos visuais e audiovisuais, tais como apresentações de slides e vídeos, fazem parte da transmissão de conteúdo em sala de aula. No entanto, quando falamos de educação a distância, o uso desses recursos não é facultativo. Antes, eram explorados ao máximo para permitir uma experiência mais rica de aprendizado para o estudante. Para criar um texto com conteúdo realmente dialógico e que seja capaz de ensinar sem a presença física do professor, ou não confundir os alunos, no caso da aula presencial, são necessárias algumas técnicas baseadas nas capacidades cognitivas do aprendiz. Algumas dicas valiosas podem contribuir para a criação de slides cujo conteúdo não será esquecido e que contenham informações que certamente serão assimiladas pelos estudantes.

A memória de trabalho é responsável pelo princípio do processo de aprendizado.  Fonte: Transformed

A memória de trabalho é responsável pelo princípio do processo de aprendizado.
Fonte: Transformed

Uma informação, dois transmissores

A memória operacional ou de trabalho é relativamente limitada, uma vez que armazena temporariamente a informação até que ela seja processada. Se precisarmos lidar com o conteúdo de duas formas diferentes e simultâneas, a memória operacional pode ficar sobrecarregada. Por exemplo, no caso de aulas presenciais, nunca leia o texto exatamente como está no slide. No caso dos vídeos, essenciais na EAD, também é importante que o narrador não faça a leitura simultânea do texto em tela. Nesses casos, o aluno estará tentando assimilar o mesmo conteúdo duas vezes e ao mesmo tempo, gerando confusão e uma carga extra e desnecessária à memória de trabalho, prejudicando o aprendizado. A isso, chama-se efeito redundância, pois os discursos competem entre si. Um aluno que tiver acesso apenas ao texto escrito ou apenas ao falado terá um nível de aprendizado maior em comparação ao que foi exposto às duas formas de conteúdo ao mesmo tempo.

Isso pode parecer contraditório, uma vez que sabemos que estímulos visuais e uso de outros recursos, como áudios e vídeos, durante a transmissão de conteúdo, enriquecem a experiência do aluno. Porém, existem formas de combinar os mais diferentes meios para minimizar a interferência e incrementar o aprendizado.

Olhos e ouvidos são receptores da memória de trabalho e é preciso saber utilizá-los bem. Fonte: Vimeo

Olhos e ouvidos são receptores da memória de trabalho e é preciso saber utilizá-los bem.
Fonte: Vimeo

Combinações ideais minimizam o efeito redundância

A teoria do aprendizado multimídia, criada pelo professor da Universidade de Santa Bárbara (EUA), Richard Meyer, em 2001, apresenta formas de utilizar vídeos, texto, imagens e gráficos, combinando-os entre si de forma que o aprendizado não seja prejudicado pelo excesso de informações. Pelo contrário, são formatos que irão facilitar a assimilação do conteúdo. Em sua teorização, o especialista trabalha com vários princípios, inclusive o da redundância. Por exemplo, em uma aula comum, o professor tem a opção de passar o conteúdo com texto, imagens e palavras (discurso). Para evitar a sobrecarga da memória de trabalho, jamais se deve utilizar os três recursos ao mesmo tempo. O ideal é escolher apenas dois e, de acordo com Meyer, a combinação perfeita é discurso e imagens.

Richard Meyer apresenta, ainda, o princípio da modalidade. De acordo com a teoria, na dúvida entre utilizar as combinações texto e imagens ou voz e imagem, escolha a segunda opção. Tomemos como exemplo o ensino online. Segundo o princípio de modalidade, o aprendizado será mais efetivo, no caso de serem necessárias imagens, quando elas estão associadas à voz do professor ou tutor, em comparação à associação dessas imagens com um texto complementar escrito.

No entanto, ainda é possível combinar texto e imagens de forma satisfatória e eficaz, utilizando-se o princípio da contiguidade espacial, posicionando os elementos na mesma tela. O método ideal na construção de slides, porém, respeita o princípio da sinalização, que consiste em destacar apenas as palavras-chave no recurso visual. Se as apresentações forem um complemento na transmissão de um determinado conteúdo, associadas a uma aula discursiva ou à leitura de um texto, as lâminas podem ser bastante econômicas.

As combinações entre imagens, palavras faladas e textos são essenciais na EAD. Fonte: Imgkid

As combinações entre imagens, palavras faladas e textos são essenciais na EAD.
Fonte: Imgkid

Meyer destaca, ainda, que o efeito redundância não é o único que pode atrapalhar o aprendizado. Não só a leitura simultânea dos slides confunde a memória de trabalho: o mesmo ocorre para imagens extras. Evite utilizar desenhos e fotos apenas por serem divertidas ou interessantes. Se elas não forem realmente relevantes para o conteúdo, estarão ferindo o princípio da coerência e prejudicando o processo cognitivo. Já com relação ao conteúdo, Meyer indica o princípio da personalização. Ou seja, utilize uma linguagem e exemplos que estejam de acordo com a realidade dos alunos, tornando, assim, o aprendizado mais fácil e prazeroso.

E você? Trabalha com apresentações visuais em sua instituição de ensino ou produz conteúdo para o ensino a distância? Compartilhe conosco seus métodos e experiências. E, para prosseguir com o debate, assine nossa newsletter.

 

 

 

 

Redação
A redação do portal Desafios da Educação é formada por jornalistas, educadores e especialistas em ensino básico e superior.

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  1. […] O uso apresentações de slides e vídeos fazem parte da educação. Confira dicas valiosas para criar material cujo conteúdo não será esquecido.  […]

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