Quando assumiu a gestão do Centro Universitário Augusto Motta, a Unisuam, em 2008, Arapuan Medeiros da Motta Netto havia recém concluído o curso de Administração de Empresas. Aos 25 anos, logo ganhou reconhecimento por ser o “reitor mais jovem do Brasil”. Internamente, porém, trabalhava diante de um sério desafio: conquistar a confiança dos próprios colaboradores. “O início foi complicado, houve um certo preconceito”, rememora.
Arapuan Netto é da quarta geração familiar à frente da Unisuam – fundada em 1969, no Rio de Janeiro. Além de herdeiro, atuava desde os 14 anos na instituição e sabia como ninguém o potencial competitivo do negócio. Mais do que isso, conhecia também seus gaps. Foi aí que implementou novas estratégias de relacionamento envolvendo as comunidades acadêmica e administrativa.
Ele conta que os primeiros resultados só apareceram no terceiro ano de gestão. Passados dez anos desde que assumiu a liderança da Unisuam, o reitor não hesita em dizer que a instituição está consolidada no mercado. São 25 mil alunos espalhados por quatro polos educacionais e uma oferta de mais de 60 cursos de graduação e pós. “Temos um ticket médio dentro do que acreditamos, alunos diferenciados e corpo docente alinhado com nossa proposta pedagógica, baseada nas novas metodologias de ensino”, acrescenta ele.
É para compartilhar a experiência de gestor e desenvolvedor de equipes estratégicas, incluindo ideias e novas formas de retenção e captação de alunos, que Arapuan Netto vai participar do Fórum de Lideranças: Desafios da Educação 2018. Na entrevista a seguir, ele antecipa alguns temas que abordará no evento, marcado para 17 de maio, no Centro Universitário Ítalo Brasileiro, em São Paulo (SP). O encontro é aberto ao público e tem vagas limitadas. Para se inscrever, basta clicar aqui.
O que você pode antecipar sobre sua palestra no Fórum de Lideranças: Desafios da Educação 2018?
Quero focar na captação e retenção de alunos em meio aos desafios da educação. Para mim, captar estudantes talvez seja a ponta mais fácil do negócio. Geralmente, com uma campanha bonita e investimento é possível atrair o perfil de aluno desejado pela IES. O desafio é reter esses estudantes – ou seja, a outra ponta. É preciso ir além de questões como preço ou o conteúdo em sala de aula: o foco tem de estar nas pessoas. Na Unisuam, alinhamos todos os setores de forma transparente. Independentemente de colaboradores acadêmicos ou da parte corporativa, todos estão engajados numa mesma causa.
Como criar esse engajamento?
Pessoas. Podemos discutir sobre várias coisas, pois no fim sempre falamos de pessoas. Então é preciso focar nelas. Quando assumi a gestão, em 2008, uma das minhas primeiras ações institucionais foi reestruturar um RH que fosse estratégico, transmitindo esse discurso na prática, fazendo a ponte entre o grupo acadêmico e o grupo corporativo. O RH se tornou o setor de “Gente e Gestão”, que não só faz contratação de professor e de profissionais para o administrativo, mas que também busca emprego ao nosso aluno. Na prática, entendemos que somos gestores de carreira.
Auxiliar diretamente na empregabilidade do aluno, portanto, é um importante diferencial competitivo.
Exato. Quando criamos esse programa, meu insight foi: do mesmo jeito que qualquer reitor universitário tem acesso direto a mim, um RH tem acesso direto a outro RH. É possível que haja aí uma certa cumplicidade relacional. É a partir desse acesso direto que conseguimos vagas exclusivas para nossos alunos. Descobrimos, por fim, que o segredo da retenção é focar nas pessoas. Ou seja, trabalhar na empregabilidade dos alunos. Estamos levantando alguns cases para mostrar durante o Fórum de Lideranças: Desafios da Educação.
Voltando à gestão da Unisuam: como você formou o time ideal?
O segredo foi ter sido um gestor bastante envolvido. Isso não significa centralizar as ações, mas ter um olhar estratégico dos setores e das equipes, contratar as pessoas corretas, traçar metas atingíveis e acompanhar.
Como você faz esse acompanhamento?
Comecei a incubar alguns setores junto ao meu. Antigamente, a reitoria era cheia de paredes. O espaço foi aberto e a cada ano eu convidava um setor para ficar comigo. Fiz isso com as áreas de TI e acadêmica. Mudamos o ritmo, tiramos a vaidade, as reuniões foram abertas e as opiniões passaram a vir de pessoas diferentes – rompendo aquela introspecção natural. Por último, trouxe o marketing, mas eles já estão há dois anos aqui porque é um setor muito envolvente. É nele que conhecemos índices de inadimplência, evasão e outros itens que colaboram para o monitoramento da empresa.
Quais os principais desafios e gargalos da educação brasileira, na sua opinião?
O crescimento da educação, de maneira geral, está ligado à oportunidade de empregos que o país gera. A crise e a cultura do nosso país fazem com que as pessoas não enxerguem que, lá adiante, vamos sair do sufoco. E que é preciso estudar agora para estar devidamente preparado para as oportunidades que virão.
Que tipos de oportunidades deverão surgir na educação superior?
O setor está caminhado para a modelagem híbrida do ensino – misturando o online com o presencial, por enquanto sem um prevalecimento. Esse mix vai se estabelecer, mas não sei exatamente em que proporção. O fato é que o aluno terá cada vez mais flexibilidade para estudar a teoria em casa e praticar na universidade. E vamos ter que nos adaptar. Em termos de negócio, podemos ganhar mais alunos no campus. Há centros que podem até triplicar o número de estudantes.
E no que diz respeito às oportunidades do ensino híbrido?
O professor está não ameaçado, mas desafiado a produzir novos conteúdos. Tem que inovar, desenvolver novos conteúdos e se reposicionar no setor, mas sem perder a função de ensinar, entende? A sala de aula está mudando drasticamente – e daí a importância dos eventos que debatam e apresentam tendências metodológicas, cases de professores que se diferenciam e se adaptam à tecnologia.
O Fórum de Lideranças é justamente um desses eventos. Qual é a sua expectativa para o encontro?
O desafio de palestrar num evento desse porte é grande. Espero contribuir com a experiência que adotamos na Unisuam. Minha ideia é compartilhar nossos cases sem filtros, trocar informações de forma estratégica, contar a nossa história e, claro, ouvir bastante. Receber feedback é importante para corrigir a nossa rota e descobrir novas formas de trabalho.
Fórum de Lideranças: Desafios da Educação 2018
Data: 17/05 (quinta-feira)
Horário: 7h às 12h30
Local: Centro Universitário Ítalo Brasileiro (Av. João Dias, 2046 – Santo Amaro, São Paulo)
Link para inscrição: CLIQUE AQUI.
Sobre o Fórum de Lideranças: Desafios da Educação
O evento, que faz parte da iniciativa Desafios da Educação, é realizado todos os anos pelo Grupo A e conta com apoio da Blackboard e da SAGAH. O Fórum de Lideranças: Desafios da Educação já contou com palestras de nomes nacionais e internacionais como Peter Dourmashkin – Professor Sênior do MIT e Especialista em Sala de Aula Invertida, Dale Stephens – Fundador do movimento UnCollege, Josiane Tonelotto – Reitora Nacional de Ensino a Distância da Rede Laureate, Ryon Braga – Presidente do Conselho de Administração da Hoper Educação, entre outros. Para a edição 2018, além de Arapuan Netto, estão confirmados Fagner de Deus, diretoria de Tecnologias Educacionais do Grupo A Educação; Miguel Andorffy, fundador da Me Salva!; e Claudio de Moura Castro, um dos maiores educadores do Brasil.
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