A pergunta que dá título ao livro do psicólogo estadunidense Daniel T Willingham não poderia ser mais relevante. “Por que os alunos não gostam na escola?”, publicado recentemente no Brasil pela editora Penso, assume uma verdade inconveniente para pais e educadores – a falta de engajamento dos estudantes em sala de aula – e propõe caminhos para uma aprendizagem mais duradoura.
Ao mostrar as razões para a ausência de envolvimento dos alunos com a escola, a obra prova que esse fenômeno não é totalmente culpa deles. “As pessoas são naturalmente curiosas, mas não são naturalmente boas pensadoras. A menos que as condições cognitivas sejam favoráveis, elas evitam pensar”, afirma Willingham em um trecho do livro.
Sala de aula mais atrativa e efetiva
Em nove capítulos dinâmicos, provocativos e repletos de contextualizações, Willingham apresenta aspectos relacionados ao funcionamento do cérebro que influenciam diretamente na aprendizagem dos estudantes. A estratégia do autor está atrelada ao subtítulo do livro, que propõe “respostas da ciência cognitiva para tornar a sala de aula mais atrativa e efetiva.”
“Por que os alunos não gostam da escola” é voltado para professores, psicólogos educacionais, gestores escolares e demais interessados em provocar uma mudança de mindset nas bases teóricas que fundamentam o ensino atual.
Ciência cognitiva e aprendizado
Com um texto bem-humorado e, por vezes, sarcástico, Willingham mantém a autoridade no assunto. Formado em psicologia cognitiva pela Universidade de Harvard, ele concentra seus estudos na base cerebral do aprendizado e da memória. Hoje, suas pesquisas investigam a aplicação da psicologia cognitiva na educação.
Apesar das bases científicas, o autor reconhece o abismo entre a academia e a realidade das escolas. “A aplicação em sala de aula não deveria copiar resultados de laboratório”, afirma Willingham, que, em 2017, foi nomeado pelo então presidente Barack Obama para o Conselho Nacional de Ciências da Educação dos Estados Unidos.
Os capítulos de “Por que os alunos não gostam da escola?” levantam outros questionamentos, como “Por que é tão difícil os alunos entenderem ideias abstratas?” ou “Vale a pena fazer exercícios?”. Tudo para explicar ao leitor os funcionamentos da mente e, assim, mostrar como os educadores podem utilizar os mecanismos da ciência cognitiva no processo de ensino e aprendizagem.
Segundo Willingham, “a mente não é especialmente preparada para pensar”. Ele ressalta que os maiores guias do comportamento humano são a memória, a visão e a mobilidade. Por outro lado, pensar será um ato prazeroso quando o cérebro identificar a possibilidade de resolução de uma atividade com grau de dificuldade equilibrado.
Essa é a brecha para dar indicativos de como tornar a aprendizagem mais atrativa. Ou seja, é apenas com tarefas lúdicas e dinâmicas que os professores conseguirão exercitar o pensamento crítico dos seus alunos. E, assim, talvez mudar a visão que os estudantes têm da escola.
Livro: Por que os alunos não gostam da escola? Respostas da ciência cognitiva para tornar a sala de aula mais atrativa e efetiva
Editora: Penso
Ano: 2022
Páginas: 320
Preço: R$ 97,20 (impresso) e R$ 71,68 (ebook)
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