As mudanças nos modos de ensinar, aprender e avaliar os estudantes estão cada vez mais aceleradas. Instituições de Ensino Superior (IES) estão no olho desse furacão, onde dados, segurança e confiabilidade formam uma equação difícil de resolver.
Nesse contexto, após quase dois anos sem contato presencial em função da pandemia, aplicar avaliações e realizar vestibulares online é uma questão central. Como garantir a confiabilidade dos exames, evitando que os alunos acessem o celular ou mudem de aba no navegador para burlar a prova? Uma forma de fazer isso é usar a tecnologia conhecida como proctoring.
O que é e onde é usado
O proctoring é um serviço de fiscalização de exames online – também conhecido como supervisão eletrônica ou remota. O sistema monitora o comportamento do aluno em provas a distância, podendo bloquear funcionalidades do computador utilizado durante o exame.
A tecnologia já era usada em diversas partes do mundo, mas ganhou popularidade em função do isolamento social provocado pela pandemia. Em geral, o produto é baseado em três pilares: autenticação, controle de ambiente e monitoramento.
Entre as instituições brasileiras que usam proctoring, estão a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), a Fundação Getúlio Vargas (FGV) e a Makenzie. O sistema também entrou no rol de ferramentas do sistema de avaliação online da Plataforma A, o AvaliA.
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Principais funções
O proctoring pode captar até 14 pontos para calcular o grau de confiabilidade de uma avaliação. Confira, abaixo, alguma das suas funções:
Autenticação – Com essa funcionalidade é possível realizar o reconhecimento facial do estudante. Algumas empresas prometem, inclusive, realizar a integração a bases de faces pré-existentes, além da possibilidade de checagem de cartão de inscrição ou de identidade.
Alguns softwares são capazes de detectar o olhar, movimentos considerados anormais, movimento do mouse, deslocamento do olho, redimensionamento da janela do computador, abertura de guia, rolagem, clique, digitação, cópias e pastas.
Segurança do Navegador – Se a instituição usar essa tecnologia, os estudantes podem dar adeus ao Ctrl + C, Ctrl + V – o comando de cópia e cola. Afinal, entre as possibilidades do proctoring está o bloqueio automático de funções do sistema operacional do computador de quem está fazendo a prova, como Ctrl + Alt + Del, Alternar usuário, Sair, Desligar, barra de tarefas, alternador de aplicativos, entre outros.
A funcionalidade também bloqueia o uso de algumas aplicações, incluindo navegadores e sistemas de pesquisa, compartilhamento de telas e até impressão.
Monitoramento por IA – É possível usar a Inteligência Artificial (IA) para monitorar o comportamento e as ações dos candidatos em relação a qualquer atividade suspeita em tempo real ou posteriormente. Assim, o sistema detecta pessoas no ambiente, a presença de aparelho celular, ruídos por áudio e conversas.
Todos esses registros podem ser revisados por humanos e, em alguns casos, é possível que fiscais acompanhem em tempo real o comportamento de quem está realizando o exame. Além disso, é comum armazenar o vídeo e o áudio da prova para processos de auditoria.
Não esqueça do humano
A tecnologia pode – e deve – estar cada vez mais presente na educação. Mas o uso dessas ferramentas requer alguns cuidados. Especialmente, em uma era onde a privacidade é um ativo valioso. No caso do monitoramento dos movimentos do aluno, por exemplo, as câmeras precisam estar abertas durante todo o tempo da prova e nem todos se sentem à vontade com essa exposição.
Outro ponto é que o aluno pode olhar para os lados por muitos motivos justos e até por deficiência. Nesses casos, sistemas de observação comportamental podem interpretar os movimentos como tentativa de fraude. Por isso, é sempre bom contar com a tecnologia sem deixar de lado a avaliação humana de casos suspeitos.
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