A pandemia expôs velhos problemas, como a desigualdade social e educacional dos estudantes. Segundo levantamento do Ipea, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, 6 milhões de alunos brasileiros – da pré-escola à pós-graduação – não dispõem de internet para acessar aulas e atividades online durante o período de distanciamento físico. A aprendizagem, portanto, é distinta entre alunos de uma mesma turma de ensino remoto.
Para que os estudantes com defasagem alcancem os colegas de melhor performance, o Conselho Nacional de Educação (CNE) tem orientado as instituições de ensino básico a realizarem uma avaliação diagnóstica e formativa dos alunos.
Esse processo pode ser chamado de nivelamento. O objetivo, segundo o CNE, é verificar “as lacunas do aprendizado e orientar o plano de recuperação dos alunos que não atingiram os objetivos propostos por meio das atividades não presenciais no período de isolamento”.
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Nivelamento e avaliação
A avaliação seria um bom primeiro passo no retorno às aulas presenciais. A partir do resultado, as escolas poderão traçar estratégias de revisão, recuperação e reforço do conteúdo dado ao longo do ano – que podem ser feitos em calendários bianuais em um ciclo de aprendizagem que integre 2020 e 2021.
“Uma estratégia eficiente seria separar os alunos por classes de desempenho e criar uma intervenção distinta para cada nível de aprendizagem”, disse Priscila Cruz, presidente do movimento Todos Pela Educação, ao jornal O Globo.
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Mas o nivelamento não pode ser encarado como única solução, diz Thiago Finotti, engenheiro e gerente AvaliA.
A AvaliA é uma plataforma que permite a criação automática de avaliações de ensino e aprendizagem. Ela dispõe de um banco de questões validadas e categorizadas por meio de testes psicométricos, de forma que os professores possam selecioná-las para comporem as avaliações de suas disciplinas.
“Acredito que o nivelamento é uma porta de entrada que vai permitir um diagnóstico, tanto em termos de conteúdo quanto em termos de habilidades, competências e até soft skills”, afirma Finotti.
A sugestão dele é transformar o nivelamento em algo interessante. Para isso, é fundamental que os professores tenham ferramentas que os possibilite fazer a análise com base em dados. Qualquer que seja a alternativa adotada, o sistema de ensino precisa ter flexibilidade para acomodar as individualidades do estudante.
De acordo com Finotti, foi-se a época em que se colocava todos os estudantes em uma sala, ensinava-se o conteúdo da mesma forma e se esperava que todos chegassem ao mesmo nível de aprendizagem. “Pode existir diversas formas de nivelamento, mas o processo de aprendizagem precisa detectar as fragilidades de cada aluno”, diz.
As transformações que vieram com a pandemia irão permanecer. “Estamos passando por um momento em que o processo avaliativo tradicional está caindo por terra”, explica Finotti. “A estratégia mais inteligente no momento é que as atividades avaliativas sejam mais formativas em vez de somativas.”
Capacitar a professores, preparando-os para os novos desafios do pós-pandemia, também é essencial.
Excelente artigo.