Como os processos e as metodologias de aprendizagem não estão imunes às transformações do mundo contemporâneo, o desafio dos educadores é encontrar modelos de aprendizado adequados à dinâmica da realidade.
Neste cenário, uma das opções que ganha espaço é a Heutagogia, metodologia proposta ao final da década de 1990 por Stwart Hase e Chris Kenyon, da Universidade de Southern Cross, na Austrália.
A palavra vem do grego com a combinação de heuta (auto) + agogus (guiar), o que sugere um processo de autoaprendizagem ou de aprendizagem autodeterminada.
De fato, quando falamos em Heutagogia, estamos pensando em ensinar o aluno a aprender. A comparação com metodologias tradicionais talvez ajude a compreender esse modelo de aprendizagem que ganhou notoriedade no século 21.
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Na Pedagogia, por exemplo, as ações estão concentradas nas mãos do professor, agente que decide o que e como ensinar, a partir de um currículo padronizado com temas e matérias pré-determinadas.
Neste caso, o ensino é preponderantemente teórico e didático, cabendo pouca relevância para as experiências dos alunos.
Já na Andragogia – metodologia proposta na década de 1970 pelo educador americano Malcolm Knowles, apropriando-se de um termo criado anteriormente pelo alemão Alexander Kapp –, ainda é o professor quem determina o conteúdo a ser estudado. Mas cabe ao aluno escolher a maneira como vai aprender.
Desse modo, o professor exerce o papel de facilitador, ao passo que a responsabilidade pela metodologia de aprendizagem é do estudante.
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Aprender a aprender
A Heutagogia, por sua vez, dá um passo ainda mais à frente. Aqui estamos diante de um modelo no qual o indivíduo (aluno) é responsável pela busca do conteúdo e escolha da metodologia ativa de ensino.
Não é que o professor se ausente totalmente do processo de aprendizagem. Na realidade, ele continua exercendo a função de facilitador, como acontece na Andragogia, pronto para oferecer suporte ao estudante.
A diferença é que, na Heutagogia, o professor só entrará em cena se o aluno desejar e requisitar efetivamente sua ajuda. Isso incentiva o desenvolvimento de indivíduos autônomos – isto é, o aluno como agente principal do próprio aprendizado.
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Como é de se prever, a Heutagogia está diretamente vinculada à evolução da tecnologia da informação e comunicação e, consequentemente, às inovações propiciadas pela educação a distância.
Ela se utiliza de ferramentas digitais e ambientes virtuais para permitir que o aluno, onde estiver, independente de região geográfica ou espaço físico, tenha acesso ao conhecimento necessário para a autoaprendizagem.
No livro Onlearning – Como a Educação Disruptiva Reinventa a Aprendizagem, publicado em março de 2019, o presidente da Saint Paul Escola de Negócios, José Cláudio Securato, classifica a Heutagogia como um modelo mais capaz de atender às demandas da educação contemporânea.
“Trata-se de um conceito que expande a concepção da Andragogia, ao reconhecer as experiências cotidianas como fontes do saber, e incorpora a autodireção da aprendizagem com foco nas experiências.”
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