Em meio ao crescimento das cursos a distância, é natural que surjam novas maneiras de se pensar o processo ensino-aprendizagem. Por isso, muita gente tem dúvida se o currículo dos cursos EAD deve ser igual ao dos presenciais – mantendo, inclusive, a mesma estrutura de disciplinas.
Primeiramente, deve-se destacar que as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) definidas pelo Ministério da Educação (MEC) para cursos de graduação devem ser cumpridas em ambas as modalidades – EAD e presencial.
Fernanda Furuno, cofundadora do Guia EAD Brasil (portal de informações e pesquisas sobre educação a distância), explica que, apesar de obedecerem a matrizes semelhantes, os cursos podem apresentar pequenas variações em relação à oferta de conteúdo. Um exemplo é a adição de disciplinas específicas para contextualizar o aluno no ambiente virtual, como a de Introdução à EAD.
Para ela, a existência de matrizes semelhantes ajuda na transição ou transferência de alunos entre as modalidades. “A otimização do trabalho de equivalência de disciplinas facilita o aproveitamento de conteúdos, atividades, avaliações e até mesmo do corpo acadêmico”, explica.
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Modularização e flexibilização
Segundo Carlos Longo, pró-reitor acadêmico da Universidade Positivo, sob o ponto de vista acadêmico os currículos precisam ser iguais. A diferença acontece na “modularização” – ou seja, a estruturação de cada disciplina na maneira como é disponibilizada ao aluno.
Nos cursos presenciais, as aulas costumam ser de segunda a sexta-feira, por exemplo. A maioria dos alunos preenche seus dias letivos conforme a grade curricular, chegando a cursar sete (ou até mais) matérias em um mesmo semestre.
Já na educação a distância, ainda que não exista uma regra geral, o mais comum é que as IES permitam a matrícula em apenas duas disciplinas concomitantes.
“Ao gerar uma grande carga de disciplinas na EAD, o aluno perde mais tempo, e esse tempo é o que ele não tem. Quando eu modularizo, eu dou mais chances ao aluno”, afirma Longo.
Enquanto nos cursos presenciais os módulos têm, em média, 160 horas, na EAD o mesmo conteúdo divide-se em dois módulos de 80 horas. “Uma experiência EAD pode entender melhor que os tempos de aprendizagem entre um aluno e outro são diferentes”, acrescenta Gloria Freitas, professora tutora da Faculdade de Educação Superior de Pernambuco (Facespi).
Segundo ela, essa flexibilização da EAD ajuda a minimizar problemas tradicionalmente encontrados nos cursos presenciais. “O ensino [presencial] em formato de apostilas, sempre igual e previsível, de semestre a semestre, pode ser dinamizado.”
Ainda que os conteúdos do EAD sejam os mesmos do presencial, para a professora da Facespi o trunfo do ensino a distância está na maneira de sequenciar, apresentar, discutir, sintetizar e aplicar os conhecimentos.
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*Reportagem publicada a partir do projeto A Educação a Distância no Contexto Atual: 50 temas e 50 dias, conduzido por Fernanda Furuno, do Grupo A, em parceria com a Abed e o Guia EAD Brasil.
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