Imagine o seguinte: macacos, pinguins e elefantes são colegas de classe e buscam aprovação em um teste. A prova é a mesma para todos, subir em uma árvore. Não parece lógico que uns têm mais habilidades para serem bem-sucedidos do que outros? Para Lilian Bacich, doutora em Psicologia escolar e do desenvolvimento humano, a grande questão que movimenta a metodologia ativa na educação é entender que os alunos não são todos iguais. Eles têm capacidades e habilidades diferentes, necessitando de abordagens diversificadas.
Ela cita a apresentação de Todd Rose, no TEDx The myth of average (disponível em inglês): “Se desenharmos um ambiente de aprendizagem para a média, fazemos esse ambiente para ninguém”.
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No ensino tradicional, o centro da sala é o professor. Em geral, mesmo quando ele inclui tecnologia em sua disciplina, o faz utilizando apresentações em PowerPoint. E mesmo quando isso acontece em uma turma que tem um notebook sobre cada mesa, isso não é inovação, segundo Lilian.
“A inovação é mais pedagógica e metodológica do que tecnológica”, garante.
Por isso, é necessária uma reelaboração da cultura escolar, para que o uso das tecnologias digitais realmente resulte efeito positivo no ensino. Um exemplo é a avaliação constante dos alunos, fazendo com que a evolução do aprendizado seja acompanhada tendo em vista os pontos fortes e fracos de cada aluno. Certamente, isso resultará em ensino de maior excelência.
A especialista aponta algumas dificuldades encontradas para a personalização do aprendizado:
>> rigidez da escola e do sistema educacional;
>> políticas públicas;
>> receio de escala;
>> falta de informação do professor em relação aos conhecimentos anteriores do aluno;
>> falha na formação dos professores.
O papel do professor em sala de aula
Um programa de formação de professores para o ensino híbrido deveria ter troca de experiências, reconhecimento e espaço para experimentação. É necessário refletir sobre o papel do professor: se a sala de aula não é mais em torno dele e se os alunos conversam e experimentam, o que ele faz agora? E o aluno, qual o seu papel em sala de aula?
Assim, todas as etapas da educação necessitam ser repensadas: avaliações, espaços, cultura escolar, papel do professor, autonomia do aluno, uso de tecnologia e gestão, sempre impulsionando o aluno para o centro do processo de aprendizagem.
Entendendo a dificuldade que professores encontram em ensinar para os alunos a inovação que falta em sua própria formação, Lilian Bacich indica a importância de buscar informação em diferentes espaços para complementar esse conhecimento. Um deles é o curso gratuito online sobre ensino híbrido, feito de professores para professores.
Neste artigo, descubra como a tecnologia pode democratizar a educação.
A palestra de Lilian Bacich foi apresentada no Fórum de Lideranças – Desafios da Educação 2017. Este e outros conteúdos estão disponíveis no site do evento, acesse gratuitamente.
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