Desde o fim da década de 1990, quando o ensino superior brasileiro foi estendido à iniciativa privada, as universidades tiveram de se adaptar rapidamente ao que havia de mais moderno nos métodos de gestão. Mesmo assim, algumas técnicas clássicas não perderam importância. É o caso da autoavaliação, segundo defende o consultor educacional Paulo Eduardo Marcondes de Salles.
Mestre em Gestão Universitária pelo Centro Universitário São Camilo, de São Paulo, Salles é autor de A autoavaliação: processo a serviço da gestão estratégica. O artigo integra o livro Gestão Universitária: os Caminhos para a Excelência, uma coletânea organizada por Sonia Simões Colombo e editado pela Penso. Na obra, o especialista reafirma a importância da autoavaliação institucional. O método, aliás, é previsto em lei: toda instituição, pública ou privada, deve ter sua Comissão Própria de Avaliação (CPA).
Ao adotar a avaliação interna como processo de gestão estratégica, a IES assume o compromisso de aceitá-la como parâmetro para o planejamento institucional. “O processo de avaliação deve ser entendido como uma estratégia para que direcione a organização em uma perspectiva institucional que lhe permita compreender a ideia de amplitude, e que não se limite apenas às dicotomias de atividade meio e atividade fim, ou acadêmico a administrativo”, escreve Salles.
A autoavaliação apresenta diversas vantagens, como a possibilidade de mensurar os esforços da organização no que diz respeito à qualidade do ensino, à busca pela excelência e à sua utilidade para a sociedade. Quando são detectadas fraquezas, um processo de reformulação ou capacitação pode ser implementado.
Por outro lado, os riscos são inerentes ao procedimento. Conflitos internos, como desentendimentos, discordâncias e expectativas frustradas, podem surgir a partir dos resultados. Nesse caso, conscientizar os colaboradores quanto à hierarquia de comando da instituição é peça-chave – para que fique claro que a palavra final virá das instâncias superiores.
O processo de autoavaliação é delimitado pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes). Criado em 2004, o sistema estabelece um conjunto de métodos e técnicas de avaliação a partir de experiências e competências construídas ao longo das diversas reformas da educação superior brasileira.
Existem basicamente três modalidades de avaliação:
- Avaliação institucional: autoavaliação (pela Comissão Própria de Avaliação, a CPA) e avaliação externa in loco, realizada pelos avaliadores institucionais ad hoc capacitados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
- Avaliação do curso: feita pelos pares na avaliação in loco, pelos estudantes, pelo questionário de Avaliação Discente da Educação Superior (Ades) – que é enviado aos estudantes da amostra do Enade – e pelos coordenadores do curso, mediante questionário e avaliações realizadas pelos professores e pela CPA.
- Avaliação do desempenho dos estudantes ingressantes e concluintes: por meio do Enade, um exame é aplicado aos alunos conforme estabelecido em lei. Além da prova, a avaliação inclui o questionário Ades, o questionário dos coordenadores de curso e o feedback do aluno em relação à prova.
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