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Formação docente continuada: momento de planejamento nas IES

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O momento de planejamento que se aproxima é desafiador, pois coloca as IES para refletir sobre produtividade pedagógica do ano que termina ao mesmo tempo que desafia a pensar nas propostas que deverão apresentar para o corpo docente no próximo ano. O que esperar da gestão? O que propor aos professores? São perguntas que neste momento muitas equipes pedagógicas estão se fazendo para planejar a formação docente continuada do próximo ano.

É possível perceber que muitas instituições ainda são bastante apegadas a ideias antigas sobre a formação contínua de professores. Preocupadas com o ensino que se dedica a organizar uma série de atividades didáticas para ajudar os alunos a compreender áreas específicas do conhecimento, acabam esquecendo da educação que além de ter um foco no ensinar preocupa-se também em ajudar a integrar o ensino com a realidade do aluno, de forma ética, reflexiva trazendo uma visão de totalidade.

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A educação precisa oferecer autonomia. Colocar os estudantes como peça central da educação é ao mesmo tempo necessário e revolucionário. O ensino ainda está, em muitas instituições, enraizado na ideia de ordem, onde o professor que não tem controle total da classe e seus pensamentos não se sente um bom professor – e o gestor que não tem controle sobre sua equipe se sente traído e pouco qualificado na posição que se encontra. Por isso, o sistema que dá sustentação para educação hoje ainda está em busca da autonomia para a liberdade de processos participativos, interativos, que respeitem as diferenças.

Aos poucos, ganha espaço entre os docentes a imagem do professor mediador, um profissional do ensino que além de abordar conteúdos didáticos busca colocar o aluno em uma posição ativa em relação ao seu aprendizado, ao dar espaço para novas metodologias de ensino e desmontar preconceitos já arraigados sobre o mestre como o dono da verdade inquestionável. Estas propostas priorizam uma formação mais ampla para o profissional, caracterizada pela aprendizagem ativa, aprendizagem adaptativa e sala de aula invertida, oportunizando ao corpo docente a desacomodação.

Um novo perfil de aluno
As mudanças são cada vez mais rápidas, e isso está refletindo dentro da universidade, onde os alunos estão se tornando bem informados, ainda mais curiosos e questionadores.

Esta característica do ensino contemporâneo faz com que não possamos mais pensar em um professor e um aluno engessado e pragmático, entretanto para que esse pensamento possa começar a ser encarado de uma forma mais natural, dependemos de uma referência de gestão educacional que possa oportunizar na formação docente continuada essa reflexão de maneira participativa e flexível.

A gestão educacional como um todo deve procurar ajudar seu corpo docente a entender as principais ideias de uma educação de qualidade pautada na valorização do discente, no uso das tecnologias, e ressaltar a importância de que para cada nova tarefa é preciso repensar o estilo de decisão tomada, o planejamento da aula a ser realizado, o tipo de tecnologia a ser utilizado.

Embora seja um desafio dos nossos tempos entender cada pessoa como única, a grande proposta de mudança neste momento é fazer com que os professores consigam perceber as mudanças que vêm sendo apresentadas em suas salas de aula seja presencial ou a distância. Por parte dos gestores, é preciso estar aberto para os relatos dos docentes. Os professores precisam se sentir seguros para compartilhar suas experiências e procurar evoluir diante das muitas dificuldades encontradas em sala de aula durante suas carreiras profissionais.

Há, ainda, o desafio de identificar o momento que a sua instituição está vivendo e vislumbrar onde deseja chegar. E a sugestão que se elabore, no grupo de coordenadores, formações específicas. Eles precisam estar preparados para serem não só professores e coordenadores de cursos, mas “potencializadores” de docentes cada vez mais comprometidos com a formação dinâmica, independente e tecnológica de seus alunos.

Daiana Rocha
Doutora em Ciências da Informação (Universidade Fernando Pessoa, em Portugal) e mestre em Educação (ULBRA), Daiana Rocha atua com educação a distância desde 2009. Começou a carreira na educação básica, passando pelas áreas de orientação educacional, profissional, gestão escolar e docência universitária. Na +A Educação, atuou como gerente de Produção de Conteúdo Digital e atualmente é Gerente Acadêmica liderando a implementação de projetos EAD em diversas empresas e instituições de ensino.

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