Chanceler da Estácio com pós-doutorado pelas universidades de Utah e British Columbia, Ronaldo Mota já foi secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério de Ciência e Tecnologia, secretário de Educação Superior e ministro interino do Ministério da Educação. Em entrevista ao Desafios da Educação, ele afirma que o futuro exigirá metodologias distintas para diferentes perfis de alunos – e que a tecnologia será um aspecto fundamental nesse processo.
Na prática, quais são as principais vantagens que os alunos irão experienciar nos próximos anos?
O século 20 foi muito diferente do século 21. Até pouco tempo, existiam algumas receitas para formar um profissional e, de certa forma, todas elas funcionavam. Agora, temos a real possibilidade de falar em personalizar. Há educandos que só gostam de assistir aula. Existem alunos que tem mais facilidade em aprender por videoaula. Outros, ainda, aprendem muito mais frente a um livro interativo. Existem pessoas que não aprendem visualmente, mas assimilam ao escutar. Ser contemporâneo é disponibilizar acesso a conteúdos mais complexos nas mais variadas formas – e a descoberta de características individuais é potencializada com a tecnologia. No futuro, os alunos poderão estudar em qualquer local e horário, escolhendo os meios pelos quais conseguem aprender mais e melhor.
Como os profissionais podem desenvolver a “arte de ensinar” para uma educação mais democrática?
Desenvolvendo uma relação com os educandos e esquecendo o clássico modelo professor-aluno. Isso não funciona mais, e insistir nisso é bater em uma tecla que não levará ninguém a lugar algum. Uma aula inteira em que o professor monopoliza a fala e o aluno permanece parado é cansativa. É um sistema falido e, apesar disso, corresponde à maioria das práticas. Precisamos que essa relação seja multilateral. Ou seja, o aluno aprende com o colega, aprende com o professor, aprende de variadas maneiras. Assim, o profissional se torna muito mais útil e colaborativo. Mas estamos vivendo um momento em que o antigo ainda não foi embora e o novo ainda não chegou completamente. Estamos numa entressafra.
De que maneira os sistemas de ensino que consideram os processos de metacognição se diferenciam dos demais?
Tudo é diferente. Todas as metodologias educacionais são centradas na cognição, na arte de ensinar e de aprender. Aí vem a metacognição, que transcende o próprio aprendizado. Talvez esses sistemas sempre tenham existido, mas não com a relevância que têm hoje. Agora podemos observar que existe algo subjacente, mais importante do que aquilo que foi aprendido: a ampliação do nível de consciência do educando em relação à forma que ele aprende. E isso favorece diretamente a quem? Ao próprio educando, que aumenta seu nível de consciência quando torna consciente seus mecanismos e suas formas de assimilação.
Você arriscaria dizer qual será o modelo de ensino do futuro?
Falam muito em ensino híbrido e flexível, mas comete-se o erro de pensar numa metodologia que atende a todos. O perfil dos alunos será difuso, e nosso trabalho é desenvolver um conjunto grande de ferramentas que ofereçam suporte às particularidades de cada educando. É, com toda certeza, muito mais do que oferecer apenas um modelo híbrido ou flexível. É oferecer um ensino personalizado.
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