Enquanto alguns educadores receberam as novas tecnologias como ferramentas a serem incorporadas em seu método de trabalho sem causar mudanças profundas, outros perceberam as novas possibilidades como essencialmente transformadoras, capazes de alterar a lógica interna do ensino. Neste grupo, encontra-se Ryan Craig que, em artigo para a revista Wired, defendeu a redefinição do conceito de competência como pedra fundamental do futuro da educação.
A atuação online não pode ser apenas acessório a velhos métodos: ela transforma
[FONTE: Fractus Learning]
Segundo Craig, um dos fundadores da University Ventures, empresa voltada a análises e inovação em universidades, existe uma grande diferença entre “ensino a distância” e “ensino online”. Quem se concentra na distância, tende a ver os novos métodos como reformulações de antigas táticas. Mas, quem enxerga o online como um novo espaço, entende que surgem novas abordagens e estratégias antes impossíveis. Além de ampliar o acesso à educação – oferecendo-a a qualquer um com uma conexão à internet – o ensino online desloca o foco da absorção de informações e o coloca na aquisição de competências.
Essa mudança inverte também o processo de desenvolvimento de cursos: para Craig, não se deve começar pela súmula da disciplina. Os educadores precisam estabelecer quais as competências que desejam ver em seus alunos e, tendo-as como meta final, elaborar a súmula de conteúdos que os levarão até lá. Elimina-se, assim, o risco de repassar conhecimento que não poderá depois ser aplicado à realidade, e garante-se que os estudantes se formarão prontos para sua área de atuação.
O primeiro passo deve ser a definição do objetivo final
[FONTE: bottlesurf]
Nesse novo cenário, o fracasso em testes se torna irrelevante. Os alunos não são avaliados pela quantidade de informação que foram capazes de memorizar. Eles simplesmente continuarão estudando até que consigam dominar a competência em questão. Eventuais fracassos fazem parte do caminho e podem servir como aprendizado.
No futuro, é possível que uma instituição que estabeleça competências a serem alcançadas possa abandonar velhas medidas como horas de aula, créditos e pontuação: o que estará em jogo são as habilidades que o aluno é capaz de demonstrar, independente de quantas horas ele precisou para chegar ali. Entre as competências do profissional contemporâneo, estarão pensamento crítico, solução de problemas, raciocínio lógico e numérico e a busca por informações.
Embora ainda exista bastante resistência a transformações tão profundas, Craig acredita que a simplicidade da nova proposta vai conquistar tanto gestores quanto professores e alunos. Não basta substituir “distância” por “online”, será necessário adotar mais transparência e abraçar a inovação. Uma receita demorada, mas com sucesso certeiro. Se você já pensa em transformar sua instituição, compartilhe conosco suas ideias.
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