O cérebro está no centro do aprendizado quase sempre. Embora outros fatores relacionados ao contexto e ao histórico do aluno também sejam relevantes na hora de aprender, as funções cognitivas têm papel sempre importante na retenção e na organização do conteúdo assimilado. Já falamos aqui sobre como utilizar a memória operacional para incrementar o aprendizado e, hoje, falaremos um pouco sobre a relação entre o ensino e as funções executivas do cérebro, ligadas ao córtex pré-frontal. Esse é um termo amplo utilizado para designar o gerenciamento e a regulação de processos cognitivos que passam por raciocínio, resolução de problemas, planejamento e execução de tarefas, bem como pela própria memória de trabalho. Todas essas funções são essenciais para a aquisição de conhecimento, e algumas estratégias podem ser utilizadas para torná-las mais efetivas na vida acadêmica do estudante.
Uma metáfora interessante para explicar qual é o papel das funções executivas, tanto em nossos pensamentos como em nosso comportamento, é a comparação com um maestro em uma orquestra. O maestro irá escolher qual peça a orquestra irá apresentar, decidir em que tempo os músicos irão tocar, definir de que maneira interpretarão aquela peça e dirigir cada seção de músicos para que eles contribuam apropriadamente com a performance, no momento certo. Agindo como um maestro, as funções executivas coordenam as atividades relacionadas ao córtex pré-frontal. São elas que nos permitem ser ativamente autoconscientes, promovem a autorregulação, por meio de direção e coordenação, das diversas habilidades cognitivas necessárias para o nosso funcionamento momento a momento. Permitem o estabelecimento de metas e planos de longo prazo, além de sustentar nossa autoimagem e a consciência de sermos protagonistas de nossas ações e estarmos no comando de nossas atitudes.
Todas essas capacidades podem ser facilmente comparadas com os atos do aluno perante o ensino: o aprendizado consciente, a habilidade de gerenciar informações novas recebidas a cada momento, o estabelecimento de metas para seus estudos, a autonomia com relação à própria educação e, por fim, o aprendizado ativo, extremamente necessário no ensino a distância. Ademais, outros processos cognitivos relacionados às funções executivas podem ser de extrema importância no futuro, possibilitando que o aluno se torne um profissional diferenciado. A tomada de atitudes diante de situações urgentes é um exemplo disso. Como muitos recursos de nosso cérebro, portanto, o uso das funções executivas pode e deve ser aprimorado e melhor desenvolvido.
Discutindo o conceito
A referência ao termo e a discussão sobre o conceito de funções executivas são uma boa estratégia para despertar no aluno o interesse sobre o uso mais efetivo desses processos cognitivos para melhorar seu desempenho. Promova discussões sobre como estar consciente de seus pensamentos e no comando de seu aprendizado, o que leva ao sucesso tanto na vida acadêmica quanto em outras áreas da vida do estudante.
Colocando o cérebro para trabalhar
Atividades centradas no estudante são as que mais promovem o uso das funções executivas. Permita que os estudantes tenham opções e escolhas que os motivem e os desafiem. Promova a redação de artigos com temática aberta, por exemplo, na qual estudantes escolhem não apenas o assunto, mas a base teórica de seu trabalho. Além de deixar as funções executivas afiadas, isso permite ao aluno ter plena consciência de estar no comando de seu aprendizado.
Promova o planejamento
Uma das habilidades que só são possíveis graças às funções executivas é o planejamento a longo prazo, bem como a previsão de eventuais dificuldades. Faça dessa uma etapa na realização de projetos, com os alunos não apenas criando um cronograma, mas pensando nos desafios que irão surgir e nas estratégias que irão utilizar para superá-los.
Os erros fazem parte do processo
Detectar e corrigir enganos também só é possível devido às funções executivas do nosso cérebro. Deixe claro para os estudantes que o erro é uma grande oportunidade de aprendizado, em primeiro lugar. E que superar as dificuldades são grandes conquistas acadêmicas.
Regras facilitam o desenvolvimento
Um ambiente inadequado pode prejudicar todo o trabalho voltado para o desenvolvimento cognitivo. Essa estratégia vale tanto para a sala de aula física quanto para a virtual. No ensino a distância, no entanto, essa é uma regra de ouro: organização e regras pré-estabelecidas são extremamente necessárias para que o estudante tenha autonomia durante seu aprendizado. Para incrementar as funções executivas do cérebro, a lógica é a mesma. Para que o aluno se sinta seguro para fazer escolhas e tomar atitudes, é necessário que o ambiente de aprendizado o incentive a agir dessa forma, sendo bem planejado e sem surpresas durante o processo.
E a sua instituição de ensino procura considerar os processos cognitivos do aluno na criação de cursos e currículos? Incentiva sua autonomia durante o aprendizado? Reflita sobre o tema e não deixe de compartilhar conosco suas impressões.
Não encontrei este artigo citado no texto:
“As atividades que permitem ao aluno criar um planejamento e estratégias para superar desafios incrementam as funções executivas. Fonte: Tuition”
Poderiam me ajudar a encontrar?
Obrigada!