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Aulas colaborativas são foco do Peer Instruction

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Método que prioriza debate busca engajar alunos no processo de aprendizagem. Conheça dez passos para implementar em sala de aula

Posicionado entre as classes e o quadro, o holandês Eric Mazur ensinava física aos alunos de Harvard. Os estudantes, que esperavam pelas teorias de Einstein ou Newton, costumavam sair da sala de aula com um sentimento de frustração frente aos complexos cálculos. Nem de longe se sentiam inspirados pelos antigos gênios. Não era propriamente a dificuldade do conteúdo: Mazur havia aprendido a educar de uma maneira excessivamente conservadora.

Para provocar outro comportamento, Mazur percebeu que precisaria buscar novas soluções. Foi dessa forma que ele teve a ideia, em 1991, de criar a chamada Peer Instruction (instrução por pares, em tradução livre). Trata-se de um método que busca engajar o estudante por meio de estímulos à interação social e ao estudo fora da sala de aula. “Frequentemente, a disciplina de introdução à física é uma das maiores barreiras na trajetória acadêmica de um estudante”, afirma o professor em seu livro Peer Instruction – A Revolução da Aprendizagem Ativa, lançado no Brasil pelo selo Penso.

Uma das primeiras grandes análises feitas sobre os resultados do método foi o estudo Peer Instruction: Ten years of experience and results, publicado no American Journal of Physics dez anos depois que Mazur concebeu o método. Segundo a pesquisa, alunos de classes que utilizam o sistema ganham habilidade na resolução de problemas e compreendem mais efetivamente os conteúdos abordados em comparação com o método tradicional. Coletando dados por uma década de turmas de disciplinas de física introdutória baseadas em cálculo e álgebra, a pesquisa verificou ampliação da compreensão do conteúdo, tanto de forma conceitual quanto aplicada, na resolução de problemas.

Peer Instruction na prática

O método consiste em tirar o foco da transferência de informações e promover a busca por conhecimento de forma autônoma. Apoiado em leituras pré-aula relacionadas ao tema proposto, faz a mediação do debate entre os alunos, propondo questões conceituais baseadas nas dificuldades da turma – o que torna as aulas direcionadas e efetivas.

Uma das iniciativas mais bem-sucedidas vem do Massachussets Institute of Technology (MIT), que desenvolveu o TEAL/Studio Physics. Com o novo sistema, as classes tradicionais foram remodeladas para Estúdios de Física, dedicados à aprendizagem ativa. Mais de mil alunos por ano passam por esses laboratórios, voltados para disciplinas introdutórias.

Em duas salas, cada uma de 3 mil m², os grupos de estudantes se reúnem em 13 mesas com computadores, onde acompanham a exposição do professor. O próprio educador deixa sua posição em frente aos alunos e media as atividades de uma mesa no centro da sala.

Os grupos usam simulações animadas, desenvolvidas para ajudá-los a visualizar conceitos. Realizaram experimentos em grupos, com o auxílio dos computadores na aquisição e análise dos dados. O professor faz perguntas e os alunos respondem através de um sistema de resposta interativo.

Quer aprender passo a passo como implementar o Peer Instruction em aula? Clique aqui e confira o roteiro preparado pelo Desafios da Educação.

Para saber mais
No Brasil, “Peer Instruction – A Revolução da Aprendizagem Ativa”, de Eric Mazur, é publicado pelo selo Penso. A obra define os conceitos e exemplifica a aprendizagem ativa no ensino superior.

Rodrigo Madeira
Rodrigo Madeira é gerente de Novos Negócios do Grupo A e membro do conselho editorial do portal Desafios da Educação.

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