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Ampliando o conhecimento pedagógico através da experiência de outras disciplinas

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O grande volume de estudos sobre ensino e aprendizagem segue sendo incorporado em nossas aulas e forma de ensinar. Isso é feito justamente por que é na prática que esses estudos tomam forma, e também porque há uma crença ainda bastante generalizada de que o ensino necessário para um determinado tipo de conteúdo é único. A não ser que você saiba e compreenda o conteúdo, você não saberá como ensiná-lo.

Essa crença ganhou força durante os anos 90, quando Lee Schulman ampliou a ideia de conhecimento pedagógico do conteúdo. O ensino eficaz, a partir dessa perspectiva, depende da ligação entre o que ensinar e como ensinar. Por exemplo: equações diferenciais são ensinadas de forma mais assertiva com alguns problemas, ao invés de outros. Ou seja, segundo essa ideia, se você não conhecer equações diferenciais e suas particularidades de ensino, você não saberá quais são esses problemas.

Contudo, o quê ensinamos e a forma como o fazemos estão ligados, mas há outras conexões além daquelas entre método e material – e essas conexões não são restritas a disciplinas específicas ou a quando estamos lecionando – seja no formato tradicional de aula, ou no EAD. Todos (bem, quase todos) os professores querem que seus alunos se envolvam, e o envolvimento destes com as aulas de física e filosofia não parece tão diferente. Além disso, os professores de todas as áreas estão preocupados com questões de gestão de sala de aula, entre elas, se os alunos estão lidando mais com seus celulares do que o material, o conteúdo é irrelevante. E, neste caso, o docente têm a responsabilidade de prevenir isso. Os professores também buscam utilizar práticas de avaliação justas e equitativas; As características de boas questões, por exemplo, não são únicas e de disciplinas específicas. E depois há aquelas características dos estudantes que desafiam professores em todos os campos: passividade, falta de motivação, baixa auto-estima, habilidades de estudo não adequadas e orientação excessiva – e este é apenas o início da lista.

Seja abordando aspectos pedagógicos ou de conteúdo,  quero  tentar dissipar a crença de que o processo de ensino e  aprendizagem de cada disciplina  é totalmente exclusivo. Quando olhamos as disciplinas individualmente, não estamos considerando detalhes que são comuns para diferentes conteúdos, e que estão muito mais ligados ao processo de aprendizagem como um todo, e não apenas a matérias “individuais” – não só a forma como ensinamos, mas para quem e em quais circunstâncias (turmas grandes ou pequenas, aulas presenciais ou online, etc).

Excelentes estudos e metodologias de ensino e  aprendizagem  vêm sendo feitos em todas as áreas de conhecimento. Grande parte desses estudos aborda questões sobre estes aspectos em comum a qualquer disciplina. Artigos sobre o uso do telefone celular, trabalhos em grupo, ensino baseado em evidências, gestão de sala de aula, e, sim, de comprometimento, estão aparecendo em todos os periódicos pedagógicos. E restringir esses estudos a análises individuais de cada área de conhecimento compromete a sua eficácia em várias frentes. Primeiro, porque há uma grande quantidade de pessoas “reinventando a roda”, um indicativo da nossa incapacidade de aprender uns com os outros. Segundo, pois, em vez de o futuro da educação avançar coletivamente, nosso conhecimento de ensino e aprendizagem gira em órbitas disciplinares. Nessa ótica que está se tornando ultrapassada, não há quase nenhuma consciência dentro de uma disciplina de que professores de outras matérias estão lidando com os mesmos problemas. Artigos e estudos de outros docentes são referenciados, é claro, mas apenas para o trabalho feito em determinada disciplina.

Além de estarmos perdendo a oportunidade de aprender uns com os outros, não somos capazes de reunir a importância e evidências que sustentam a eficácia de determinadas abordagens instrucionais, pois, novamente, estamos com uma ótica individualista, e não coletiva das disciplinas. Por exemplo, há evidências de que o trabalho em grupo facilita a aprendizagem em uma ampla gama de campos. O que está sendo descoberto em qualquer campo pode ser uma influência, mas quando as mesmas coisas estão sendo documentadas em diferentes campos, torna-se uma forte constatação. Mas, na realidade, isso não está sendo feito, porque é praticamente impossível rastrear todas as descobertas e integrá-las em algum tipo de “sistema”. É preciso buscar a melhor forma de amadurecer o conhecimento pedagógico, não apenas de forma ampla mas também, e principalmente, de maneira consistente.

Como as metodologias de ensino vem sendo aplicadas e compartilhadas em sua Instituição? Você tem buscado aprender e compartilhar conhecimento com seus pares de outras disciplinas e cursos? Conte-nos sua experiência!

*Artigo originalmente escrito por Maryellen Weimer, PhD
Fonte: Faculty Focus

Redação
A redação do portal Desafios da Educação é formada por jornalistas, educadores e especialistas em ensino básico e superior.

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