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Entrevista: Daniela Hauser fala sobre tecnologia na educação e a nova SAGAH

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Com uma trajetória de oito anos na +A Educação, a gerente de Negócios Daniela Hauser vem acompanhando de perto todas as transformações no ensino superior sob a ótica da área comercial. Uma das funções da gestora é desenvolver produtos que atendam às necessidades dos clientes isso inclui a nova SAGAH, solução da Plataforma A que busca oferecer uma experiência de aprendizagem integrada 

Em entrevista ao portal Desafios da Educação, Hauser fala sobre as mudanças na educação a distância (EaD) e o papel da tecnologia para melhorar a eficiência operacional das instituições de ensino superior (IES). 

Desafios da Educação – O mercado educacional mudou muito na última década. Qual é sua visão sobre essas transformações? 

Daniela Hauser – Oito anos atrás, se falava em tecnologia mais como plataforma, LMS. A grande virada de chave foi o crescimento da educação a distância, que impulsionou o desenvolvimento de novas soluções. Como empresa, tentamos mostrar que a tecnologia não é o fim, mas o meio. Por isso, sempre trabalhamos sua adoção no modelo de ensino presencial e a distância. Bem ou mal, a pandemia acelerou esse mindset, fazendo que houvesse uma abertura maior das instituições à adoção da tecnologia. 

Quais são as principais dores das IES diante das mudanças? 

As dores são muitas! O mercado de ensino superior é extremamente competitivo. Traz desafios de captação dos alunos, ticket muito pressionado principalmente na EaD , preocupação com o novo perfil do aluno e as altas taxas de a evasão, além da dificuldade em fornecer bons recursos ao curso docente, metodologias diversas, qualidade no ensino e adoção de tecnologias. Também há preocupação com aspectos regulatórios: como posso comprovar para o Ministério da Educação (MEC) que estou entregando um ensino de qualidade para o meu aluno? No início do ano que vem devemos ter um novo marco regulatório da EaD. Isso traz até uma onda de insegurança, comprometendo tomadas de decisão agora, nem se consegue expandir polos, ampliar portfólio de cursos etc.  

Qual o posicionamento estratégico da Plataforma A, considerando esse cenário e os diferentes perfis de maturidade institucional? 

Não queremos ser fornecedores de conteúdo. Prezamos pela qualidade do ensino e trabalhamos forte nisso, até pelo histórico da empresa, no ramo editorial. É algo que sempre defendemos: qualidade do conteúdo associada à tecnologia.  

Mas é necessário fazer esse uso de forma integrada. Qualidade não é algo inerente apenas ao ensino presencial, assim como tecnologia não é exclusividade da EaD. É preciso olhar a instituição como um todo.  

Em relação aos níveis de maturidade, conseguimos oferecer soluções para todas as IES. Aquelas que estão lutando para assegurar a qualidade do ensino podem contar com uma plataforma estável e entregar a professores e alunos um produto de qualidade. Para as instituições com um grau maior de amadurecimento, o diferencial é ter à disposição uma plataforma que entrega de ponta a ponta tudo o que precisam dentro de uma única solução. 

Esse é o grande diferencial da nova SAGAH? 

Sempre tivemos funcionalidades que foram aperfeiçoadas ao longo dos dez anos de existência da SAGAH, como as possibilidades de edição do conteúdo. Nessa nova versão, conseguimos ampliar a experiência de aprendizagem das IES, atendendo suas demandas de ponta a ponta. Chegamos a um estágio em que a solução permite a montagem de uma trilha de aprendizagem engajadora e consegue fazer o acompanhamento do aluno e aqui, de novo, independentemente da modalidade e do nível de ensino, seja presencial, EaD, disciplina híbrida, curso de extensão, pós-graduação. Não somos mais uma solução de conteúdo, mas sim de experiência de aprendizagem, integrando plataforma, conteúdo da aula, avaliação, banco de questões e muito mais. Isso significa facilitar a operação, da seleção do conteúdo à montagem das trilhas, para que IES e professores possam se concentrar no atendimento ao aluno. Acho que esse é o grande ponto de evolução da SAGAH. 

Qual é o papel da inteligência artificial (IA) nesse sentido? 

Uma de suas funções é acelerar processos. Dentro da própria +A Educação temos um bom exemplo. A inteligência artificial nos permitiu evoluir rapidamente para levar nossas soluções para a América Latina. Tínhamos como desafio traduzir um volume enorme de conteúdos o que demandaria tempo e um investimento muito alto. Hoje, usamos a IA para traduzir a base desse conteúdo. Depois, uma equipe regional na Colômbia faz a “camada humana” de revisão. Esse é um ponto importante, pois entendemos que toda a produção exige essa camada para assegurar a qualidade. 

A inteligência artificial deve melhorar os processos internos dos clientes. Na geração de conteúdo, por exemplo, como fazer isso? Se for para copiar o ChatGPT, o cliente não precisa de nós. Temos uma suíte de conteúdos muito grande. Então, a IA age no processo de curadoria, ajudando o professor a entender como usar esse material a partir da ementa, dos objetivos de aprendizagem. Além disso, iremos oferecer um acompanhamento ao aluno, por meio de um tutor virtual que responderá às dúvidas dos estudantes. 

A cibersegurança é uma grande preocupação das IES. De que forma uma solução integrada pode minimizar esse risco? 

No ano passado, ocorreram ataques de hackers em instituições que utilizavam nosso conteúdo, mas em outra solução. Ou seja, o conteúdo não foi atacado, mas a tecnologia, sim.  

Nossa responsabilidade como fornecedor é garantir que isso não aconteça com nossos produtos. O que nos desafia a olhar para o que está sendo desenvolvido, medir a segurança nas nossas soluções, contar com uma equipe de testes e uma série de investimentos em cima disso, mas também encarar com responsabilidade o que produzimos.  

Dez anos atrás, a SAGAH revolucionou a educação a distância com uma proposta que fugia do “conteúdo de prateleira”, trazendo uma solução mais customizada para as IES. O que a nova versão representa em termos de futuro? 

Como empresa, buscamos entregar um produto que faça sentido para a IES. O próximo passo é entregar esse produto com inteligência. Queremos que a plataforma tenha conteúdo de qualidade, mas também que auxilie a instituição em outros aspectos, como o combate à evasão. Uma novidade para breve são dashboards de acompanhamento para as instituições. Esses dashboards apresentam uma visão de quais alunos são mais propensos a evadir: quais não ativaram um determinado conteúdo, o volume de conteúdo que consumiram, o quanto já evoluíram dentro da trilha, se é necessário ativar alguma régua de retenção…. Vamos entregar tudo isso na plataforma. 

Tem percebido mudanças na postura das IES em relação às mudanças? Há muita resistência à tecnologia? 

Nosso trabalho consiste em fazer um processo de transformação digital. Hoje, qual é o maior desafio nesse processo? Justamente a adoção de tecnologias. Elas estão implantadas, pagas pela instituição, e mesmo assim ainda há resistência por parte do corpo docente. Geralmente por falta de conhecimento. Por isso, não basta entregar a tecnologia para a instituição. Não podemos dizer: “aqui está um portfólio de objetos 3D”. Precisamos mostrar como fazer, como o professor implementa esse recurso no plano de ensino e como o conecta com o material que já utiliza. Se não entregarmos esse “como”, não ajudamos a quebrar a resistência à tecnologia. 

Como está sendo o feedback dos clientes sobre essa personalização?  

Muito bom. Tivemos uma evolução importante com a possibilidade de edição do conteúdo, alguns anos atrás. Agora avançamos para outro nível, que é permitir essa edição com personalização em escala, para que a IES possa até mesmo criar seu conteúdo em um contexto regional, por exemplo. Temos clientes que personalizam a trilha fazendo referência a um conteúdo de origem Plataforma A, mas usando uma empresa de sua região ou outro aspecto que facilite o vínculo dos alunos. Além disso, quando possibilitamos personalizar a trilha de aprendizagem, facilitamos a própria adoção da tecnologia. Quanto mais fácil for seu uso, mais fácil será fazer com que o professor se sinta parte do processo de ensino e aprendizagem.  

Podemos dizer, então, que a nova SAGAH é uma resposta às dores das IES, mas vai além, apresentando-se como uma solução de vanguarda para o mercado educacional? 

Sim. Consideramos as necessidades dos clientes como motor de desenvolvimento dos nossos produtos. Porém, quando é preciso priorizar algo, sempre tentamos estabelecer critérios. Um deles é o impacto sobre o aluno, qual o nível de experiência que iremos proporcionar. Outro é o que trazemos para a operação do cliente: ao oferecer ou não determinada funcionalidade, o quanto facilitamos o dia a dia da IES? 

Acredito que a empresa atua na vanguarda ao entregar uma solução única, conectada. Não é fácil fazer essa integração. O comum é trabalhar com soluções diferentes, de tecnologia e metodologia. Largamos na frente ao entregar tudo em uma experiência única. Todas as nossas soluções visam permitir a máxima personalização pelas IES, justamente para que consigam se diferenciar no mercado, cada uma com seu projeto pedagógico, com seu DNA.  

Nosso histórico nos traz essa responsabilidade. Os clientes sempre querem saber o que estamos desenvolvendo, pois têm grande expectativa em relação ao que vamos lançar. É uma cobrança boa, que nos desafia a elevar a régua do mercado.

Redação
A redação do portal Desafios da Educação é formada por jornalistas, educadores e especialistas em ensino básico e superior.

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