Uma semana depois de suspender a imunização de adolescentes de 12 a 17 anos contra a covid-19, o Ministério da Saúde (MS) voltou atrás e tornou a recomendar a vacinação – incluindo em jovens sem comorbidades. O anúncio foi feito na noite de quarta-feira, 22 de setembro, após reação de especialistas em saúde, secretários de estados, municípios e até do Supremo Tribunal Federal.
O endosso do MS é um importante avanço para a imunização do país e uma boa notícia para alguns pais que estão ansiosos para proteger seus filhos. Além disso, a vacinação de adolescentes é fundamental para reduzir o número de hospitalizações e mortes. O que cria um clima de confiança maior para o retorno à presencialidade, incluido no ambiente educacional.
A vacinação de adolescentes no Brasil começou em agosto, antes mesmo do retorno à escola. Para viabilizar a imunização, estados e municípios realizam uma série de ações com foco no retorno 100% presencial. No Amazonas, foi criado o projeto Carona Solidária, que disponibilizou rotas para grupos de estudantes da rede estadual de ensino, com idades entre 12 e 17 anos.
A campanha acelerou a imunização dos mais jovens, bem como o retorno presencial à sala de aula. Depois de 18 meses com aulas via TV aberta e internet e, posteriormente, no sistema híbrido, mais de 230 mil estudantes da rede pública do Amazonas tornaram a se reunir em turmas nas escolas.
A Secretaria de Educação de Alagoas também mobilizou os alunos da rede estadual para que recebessem a vacina contra a Covid-19 – disponibilizando a frota de ônibus escolares para levar os jovens ao ponto de vacinação em Maceió.
À época da ação, em agosto, o secretário estual da Educação, Rafael Brito, disse que o projeto tinha “duas missões: a primeira, imunizar e proteger nossos alunos. A segunda, fazer com que eles levem essa mensagem para os colegas que, por ventura, ainda não despertaram para a importância da vacina ou tenham receio da aplicação”. No último fim de semana, Brito anunciou o retorno 100% presencial para alunos do 5° e 9° ano do fundamental e do 3° ano do médio.
Vacina é segura para crianças
“Os benefícios da vacinação são maiores que os eventuais riscos de eventos adversos”, disse o secretário-executivo do MS, Rodrigo Cruz, em coletiva de imprensa na semana passada.
Ele afirmou que um comitê formado por representantes da pasta e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) confirmou que a morte de uma jovem de 16 anos em São Bernardo do Campo (SP) não estava relacionada à vacina. Disse também que um número pequeno de jovens (0,7% do total imunizado) recebeu modelos de vacinas não aprovadas pela Anvisa.
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Atualmente, o imunizante da Pfizer é único com aval para ser aplicado em adolescentes.
Recentemente, a farmacêutica anunciou que sua vacina também demonstrou ser segura e eficaz em crianças de 5 a 11 anos. A notícia abre caminho para aplicação da vacina em crianças menores. Nos EUA, espera-se que a revisão regulatória autorize a vacinação em crianças até o final de outubro.
No anúncio da Pfizer, feito em conjunto com a BioNTech, não há dados detalhados do ensaio. As descobertas também não tinham passado pela revisão de pares nem publicadas em um jornal científico. Mas os resultados combinam com os observados em crianças mais velhas e em adultos, disseram especialistas ouvidos pelo jornal The New York Times.
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