Discutir o futuro do ensino superior em tempos de pandemia e aceleração das transformações. Essa foi a missão do Fnesp 2020, maior fórum sobre educação superior da América Latina.
A 22ª edição do evento ocorreu entre 27 e 29 de outubro, abordando o tema “Reset no ensino superior”. Essa foi a primeira vez que o Fnesp aconteceu de forma online.
Em um cenário completamente atípico, o evento trouxe ao palco virtual a questão das mudanças nos modelos de ensino. Confira, a seguir, os destaques do Fnesp 2020
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Revolução na aprendizagem
Na primeira palestra do Fnesp 2020, o professor e pesquisador inglês Alex Beard ressaltou a importância da função dos professores. Para ele, ensinar é a grande profissão do século 21. Um posicionamento que vai na contramão das discussões atuais sobre como a inteligência artificial pode automatizar algumas profissões, inclusive a do docente.
Ao longo de sua fala, Beard reforçou a utilidade da tecnologia enquanto ferramenta de suporte. Mas citou casos que demonstram como esse recurso sempre vai depender de um ser humano. “A tecnologia ajuda e amplia a aprendizagem”, afirmou.
Transformação Digital
Para falar sobre transformações digitais, o Fnesp contou com três especialistas no assunto.
Um deles foi Ben Nelson, presidente e CEO da Minerva Project, uma rede multinacional focada em modelos disruptivos de ensino. Nelson estimulou as IES a reverem seus processos educacionais. Ele acredita que o modelo atual não resulta em promoção de sabedoria e em aplicação do conhecimento em vários domínios. “As instituições de ensino superior devem se perguntar: “vamos persistir em um modelo que não funciona mais ou vamos inovar?”.
Já Joaquím Guerra, vice-reitor Acadêmico e de Inovação Educacional do Instituto Tecnológico de Monterrey, no México, apresentou o modelo de ensino da instituição. Adotada há cerca de oito anos, a estratégia propõe um forte uso de novas metodologias e inovações tecnológicos em sala de aula – como aprendizagem personalizada, efeitos de holograma e realidade aumentada e virtual.
Por fim, o CEO da Faculdade Descomplica, Daniel Pedrino, destacou os pilares da sua instituição. Essas bases incluem empregabilidade e um ensino leve e colaborativo, sempre com foco nas habilidades e competências dos alunos.
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Universidade mais democrática
Michael Crow, presidente da Arizona State University, criticou a dificuldade das IES em acompanharem os processos de modernização. Para ele, as instituições não exploram devidamente seu papel como poderosos agentes de transformação para o avanço da democracia – seja nos Estados Unidos ou em nações emergentes, como o Brasil.
“Infelizmente, o sistema de ensino superior ainda é muito elitista e desenvolvido com base na noção de seletividade. As IES ficam isoladas e muito focadas em si mesmas, sem uma percepção da sociedade que as cerca”, disse Crow.
Sustentabilidade no ensino superior
O Fnesp 2020 trouxe uma palestra nacional e outra global sobre os impactos da crise provocada pela covid-19 na sustentabilidade do ensino superior.
Naércio Menezes Filho, economista e pesquisador do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), apresentou uma série de dados sobre o ensino superior brasileiro. Já Scott Carlson, escritor sênior do jornal The Chronicle Higher Education, abordou os desafios internos e externos para a sustentabilidade das IES.
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Redes de comparação
Durante esse painel, Maria Helena Guimarães de Castro, presidente do Conselho Nacional da Educação (CNE), Luiz Roberto Liza Curi, conselheiro e ex-presidente do CNE, e Ruy Guérios, da Eniac, destacaram os benefícios de compartilhar experiências e dificuldades.
Os palestrantes também ressaltaram que o trabalho colaborativo é imprescindível para a sustentabilidade das instituições de ensino superior.
Mindset das IES
O evento trouxe, ainda, uma série de palestras no formato TED. O objetivo dessas intervenções foi discutir novas formas de educação. As falas buscaram instigar gestores de instituições de ensino a romperem com o convencional e abrirem espaço para as inúmeras inovações que o mercado já disponibiliza.
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