Conquistar um emprego é uma das maiores preocupações de quem se forma em uma universidade. Ingressar em um mercado de trabalho cada vez mais disputado é uma tarefa que aflige boa parte dos egressos do ensino superior. A inserção em uma empresa pode ser difícil, principalmente em tempos de crise, porém, a pesquisa Panorama dos Concluintes do Ensino Superior mostra que ainda existem muitas oportunidades de aproximação entre universidades e empresas. A pesquisa ouviu 1.445 pessoas, de 379 instituições de ensino públicas e privadas do Brasil. Destes, 1.080 formaram-se entre 2000 e 2016. 61% são mulheres e 46% tem entre 25 e 29 anos. 67% dos entrevistados foram alunos de instituições privadas e 33% de públicas.
De acordo com o estudo, realizado pela área econômica do Sindicato das Mantenedoras do Ensino Superior (Semesp), 53% dos formados em cursos de bacharelado, licenciatura ou tecnólogos estão desempregados ou trabalhando fora da profissão para qual estudaram.
A entidade, que abriga debates sobre modernização do ensino e estratégias de inovação, promoveu no último dia 18 um seminário com participação de empresas integradoras e universidades para debater o impacto econômico da empregabilidade nas IES.
Para aqueles que estão empregados, a renda ainda é um desafio. Cerca de 60% dos estudantes formados em cursos de bacharelado e 80% dos de licenciatura recebem menos de R$ 3 mil mensais. Ao mesmo tempo, 37,6% dos egressos e 49,9% dos recém-formados – aqueles com menos de dois anos de colação – utilizaram o Fies para pagarem seus estudos.
Este panorama indica o risco de calote no sistema, que já está enfraquecido nos últimos anos. Para pelo menos metade dos estudantes que contraíram o financiamento, as parcelas da dívida já comprometem mais de 20% da renda mensal.
O evento debateu os pontos fracos das instituições na visão dos consultados pela pesquisa. Conforme o documento, quem sai das universidades sente falta de uma formação mais prática e integrada ao mercado de trabalho.
Para fomentar o debate, foram convidados para a mesa representantes do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), da gerência de empregabilidade da Kroton Educacional e Matthew Small, presidente e CEO da Symplicity, empresa americana de gerenciamento de carreira e parceira das das mais tradicionais universidades do mundo, como Yale e London Business School.
Talentos além da sala de aula
A iniciativa de buscar trazer o mundo profissional para dentro da academia compensa. Segundo a pesquisa, 55% dos formados em instituições particulares que trabalhavam durante a graduação foram promovidos. Entre os que se formaram em faculdades públicas a taxa é de 50%.
O estágio, segundo Rosa Maria Simone, supervisora de conteúdo do CIEE, é fundamental para a completa formação do estudante. “O aluno precisa estar qualificado, mas o mercado quer diferenciais como um perfil inovador”, explica.
Além do domínio teórico da profissão, empregadores buscam nos jovens trabalhadores atitudes e valores extracurriculares como item de primeira necessidade. Entretanto, muitas vezes a universidade se limita apenas ao ensino acadêmico, o que faz muitos candidatos chegarem ao mercado de trabalho sem uma postura corporativa.
De olho nisso, a redação de Desafios da Educação preparou uma lista com quatro palavras-chave que precisam ser inseridas nas salas de aula do ensino superior. Confira:
Proatividade: Ter iniciativa é essencial no mundo dos negócios. Observar o dia-a-dia e encontrar a soluções e inovação é um hábito muito apreciado entre os gestores. Para desenvolver a proatividade entre seus alunos, tarefas baseadas em solução criativa de problemas pode ser um ótimo exercício
Senso Crítico: Nem sempre o mais fácil é o melhor. Para isso, a capacidade de análise do profissional é o filtro necessário, criando um controle de qualidade sobre si mesmo. Para incentivar esta característica, a interpretação de textos e leituras é recomendada.
Bagagem: Este ponto conta muito na hora da seleção. O que o jovem já fez, viu, visitou e estudou é uma das formas utilizadas pelas empresas de conhecer as suas competências. Aqui o incentivo a cursos, intercâmbios e novas experiências cai como uma luva.
Relacionamento: Pessoas que sabem lidar com pessoas são ótimas colegas de trabalho. Atuar em equipes e saber lidar com conflitos pode parecer pouco, mas é fundamental para os gestores. Trabalhos em grupo, seminários colaborativos e outras atividades que integrem colegas e os acostume a ouvir o diferente são incentivos para esta característica.
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