Enquanto o ensino a distância ganha espaço no Brasil, paradigmas da educação são rompidos para dar lugar à inovação. Mas, como em qualquer mudança cultural, a implementação de novas práticas pode gerar estranhamento e resistência. Motivada pela imagem de falta de interação e prática entre colegas e professores, tanto mestres quanto alunos ainda podem cultivar preconceitos com os métodos virtuais.
O reposicionamento do papel do professor e a falta de familiaridade com os novos métodos são fatores desta resistência. Ao deixar o protagonismo e se colocar não como a referência no conteúdo, mas um facilitador de aprendizagem, o docente vai de encontro ao método tradicional pelo qual foi ensinado a ensinar.
Ao ganhar tamanho rapidamente, os cursos EAD aumentam seus quadros de funcionários de forma expressiva. Responsável por uma fatia significante do mercado, 26% das matrículas de ensino superior no Brasil estão concentradas cursos não-presenciais.
Entretanto, o número de profissionais capacitados para atuar com metodologias ativas ainda é pequeno. “Como em todo crescimento rápido, há sempre um gap entre o necessário e o ideal”, explica Fernanda Furuno, co-fundadora do Guia EAD Brasil.
Fernanda, que participou da implementação e gestão de cursos superiores a distância na Universidade Anhembi Morumbi por 14 anos, destaca que muitas universidades têm investido na formação e atualização de professores para suprir esta necessidade.
Contudo, muitos profissionais ainda reproduzem técnicas do ensino tradicional, sem a modernização para o trabalho com ensino híbrido. “O ideal seria as instituições de ensino superior capacitarem todo o seu corpo docente, pois as mudanças estão ocorrendo de forma muito rápida”, diz.
Com mais oportunidades, o mercado de ensino a distância se torna um novo modelo de carreira. “A educação do futuro não existirá sem a tecnologia”, diz Klaus Schlünzen Junior, coordenador do Núcleo de Ensino a Distância da Unesp ao portal El País Brasil. Segundo o professor, a escola precisa se adaptar ao novo perfil de aluno, que demanda conhecimento em diferentes fontes e entende o mundo de uma forma mais dinâmica.
Oportunidade de se reinventar
Para uma capacitação eficiente, é necessário que as instituições de ensino integrem a capacitação dos professores à cultura acadêmica – além de orientar, com conteúdo pertinente e atualizado, os caminhos do professor como tutor e estimulador do conhecimento. “Um professor que transita entre o presencial e o online, utilizando recursos tecnológicos diferenciados para potencializar a aprendizagem, torna-se um profissional com diferenciais importantes”, orienta Fernanda. “Ele pode atuar como um multiplicador dentro de sua instituição.”
A capacitação do corpo docente, desta forma, abre uma grande oportunidade de aperfeiçoamento, ao implementar medidas para modernizar o ensino. As estratégias de posicionamento e de produção de conteúdo também podem estar aliadas ao projeto de capacitação. A escolha do material, da metodologia e do conteúdo utilizado precisam estar em harmonia com os treinamentos oferecidos, convidando toda a comunidade acadêmica para a inovação
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