Capacitação Docente

Residência Pedagógica é aposta para otimizar a formação de professores

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Um dos diferenciais da Residência Pedagógica é a estratégia de integração entre escolas, universidades e secretarias de educação

O modelo brasileiro de formação de professores apresenta uma novidade importante em 2018. Entre 7 e 16 de abril, o Ministério da Educação (MEC) disponibilizará inscrições para a primeira edição do Programa de Residência Pedagógica (PRP). A iniciativa, elaborada com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), faz parte do processo de modernização do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid).

Lançado em 2007, o Pibid tem o objetivo de apoiar futuros professores das áreas de licenciatura ou pedagogia. O programa oferece bolsas de estágios para interessados em dar aulas em escolas públicas, desde que os estudantes se comprometam a trabalhar na rede pública após a graduação. A partir de agora, o Pibid será direcionado a discentes matriculados na primeira metade dos cursos superiores. Quem estiver no 3º e no 4º ano de graduação poderá optar pelo PRP – criado oficialmente em outubro de 2017. Em ambos os casos, o aluno deve pertencer a IES públicas ou privadas sem fins lucrativos.

Um dos diferenciais da Residência Pedagógica é a estratégia de integração entre escolas, universidades e secretarias de educação. A intenção do MEC é estimular a elaboração de um plano conjunto entre as IES e os colégios estaduais e municipais, com o objetivo de aproximar a formação acadêmica das reais demandas do ensino público. Essa, inclusive, era uma das principais queixas dos gestores escolares em relação ao Pibid.

Outro ponto importante é o caráter de imersão proposto pelo Programa de Residência Pedagógica. Ao todo, os alunos cumprirão uma carga de 400 horas em instituições do ensino básico.

O período será dividido entre aclimatação à escola, experiência em sala de aula, regência e atividades de avaliação. Assim como no Pibid, os estudantes receberão o acompanhamento de um professor da escola – com experiência na mesma área de ensino do licenciando – e de um docente da faculdade. “O que estamos apresentando é um conjunto de ideias simples e práticas que podem mudar a condição dos professores”, explicou o ministro da educação Mendonça Filho, em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo.

O MEC destinou 45 mil vagas ao Pibid e outras 45 mil ao PRP, com bolsas entre R$ 400 e R$ 1,5 mil para estudantes, professores e coordenadores de projetos. A Política Nacional de Formação de Professores ainda conta com a Universidade Aberta do Brasil (UAB), que abrirá 100 mil vagas de formação a distância para profissionais já em exercício, com ênfase aos docentes atuantes em áreas diferentes de sua formação.

Experiências bem-sucedidas

Apesar de ter sido encampada recentemente pelo Governo Federal, a Residência Pedagógica já existe há mais tempo no Brasil. As iniciativas vêm sendo aplicadas por escolas de diversos estados e serviram como inspiração para o modelo adotado pelo MEC. Um exemplo disso é o programa estruturado pelo Colégio Pedro II, do Rio de Janeiro (RJ). A instituição oferece uma imersão de nove meses, direcionada a docentes com, no máximo, três anos de formação.

O programa divide sua carga horária entre docência (65%), educação continuada (25%) e atividades complementares de gestão e acompanhamento pedagógico (10%). A iniciativa do Pedro II tem o peso de uma pós-graduação lato sensu. Ao final da residência, os alunos apresentam um TCC e são avaliados por uma banca. Os profissionais aprovados ganham o certificado de Especialista em Educação Básica.

Ao longo do curso, eles são tutorados por supervisores e coordenadores de área da instituição, que conta com alunos de nível fundamental e médio. “Eu acompanhava o professor em sala de aula e tinha palestras e minicursos sobre os mais diversos assuntos, como webquest e racismo. Não eram apenas temas específicos da minha área” conta Juliana Lizzi, professora de inglês e egressa do programa, em entrevista à Revista Pátio Ensino Médio, Profissional e Tecnológico.

Outro case de destaque é o da escola Visconde de Porto Seguro, de São Paulo (SP). Lá, a residência pedagógica é inspirada no Referendariat, um curso de formação de professores aplicado pelo governo da Alemanha.

O programa do colégio paulista é aberto a estudantes matriculados no último ano de licenciaturas da educação básica. As atividades são iniciadas com um curso de quatro meses, no qual os residentes recebem orientações sobre a metodologia da escola. Todo aluno é acompanhado por um tutor. Eles começam observando as aulas desse supervisor e, em seguida, ambos elaboram o plano de conteúdos em parceria. Por fim, os futuros profissionais realizam a docência prática assistida. O processo se encerra com a aplicação de uma aula-magna, com nota e feedback por parte dos coordenadores.

A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) também possui um programa de residência pedagógica. Os graduandos de pedagogia lotados no campus de Guarulhos (SP) realizam estágios específicos em cada uma das áreas de formação — incluindo educação infantil, ensino fundamental, educação de jovens e adultos e gestão escolar. Eles permanecem um mês em cada disciplina. Desenvolvido em escolas municipais parceiras da Unifesp, o trabalho conta com a supervisão dos professores da universidade.

Redação
A redação do portal Desafios da Educação é formada por jornalistas, educadores e especialistas em ensino básico e superior.

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