No universo da educação a distância, a expressão “aprendizado centrado no aluno” já virou jargão. Em um cenário em que o professor pode não mais estar fisicamente presente na sala de aula, tornou-se essencial empoderar o estudante para que ele seja mais do que apenas um receptor de conhecimento. Mas transformá-lo em agente ativo do seu próprio aprendizado também exige esforço dos professores e do gestores de instituições de ensino, que precisarão fazer uso de diferentes métodos para tal. Bastante usado na sala de aula convencional, a instrução diferenciada (differentiated Instruction em inglês) é uma forma de ajudar os alunos a chegar no conhecimento que se pretende respeitando suas individualidades.
No site Edutopia, uma definição do que é instrução diferenciada ajuda a dar corpo ao método. Segundo Rebecca Aller, o primeiro passo é admitir que não se trata apenas de ensinar tudo a todos, mas de dar a cada aluno aquilo que ele precisa e no momento em que ele está apto a receber. Ou seja, reconhecer que estudantes, por mais que estejam reunidos em uma única sala de aula, ainda que virtual, são diferentes, e que respeitar sua forma e seu ritmo de aprendizado é essencial para o sucesso do processo como um todo. E não basta reconhecer a singularidade de cada um, é preciso estar preparado para lidar com ela no dia a dia de cada encontro, de cada nova matéria, de cada novo exercício proposto. Afinal, se os alunos aprendem de formas distintas, uns com mais facilidade do que outros, por que haveria de ser o conteúdo tratado de uma só maneira?
Fique calmo e diferencie seus alunos: o esforço vai valer a pena
FONTE: MzTeachuh
Outro site, o Edudemic, preparou uma breve lista do que os professores e gestores podem mudar rapidamente em seus currículos para fazer uso da instrução diferenciada sem que precisem esperar por uma reforma maior em suas instituições. Comece pensando no conteúdo: o que os professores querem ensinar? Como os alunos podem aprender essa matéria? Pensar no contexto do aprendizado é tão importante quanto o conteúdo. Por isso, o segundo ponto é o processo: como cada estudante aprende. Nessa etapa, é importante ressaltar o óbvio: não basta saber que os alunos são diferentes e que, por isso, cada um aprende de uma forma, em um ritmo próprio. Gestores e professores realmente interessados na instrução diferenciada precisam conhecer a fundo essa variedade e estar preparados para isso. Ou seja, ter uma tarefa alternativa para aquele estudante que tem dificuldade em interpretar um texto, por exemplo, e para aquele outro que vai ser o primeiro a terminar e é uma pessoa mais visual.
Também é importante identificar em cada estudante qual é o produto do seu conhecimento. Ou seja, como ele elabora e apresenta seu aprendizado. Da mesma forma que cada um tem seu processo, cada um também tem sua forma de produzir conhecimento. Alguns estudantes se sairão melhor falando, outros escrevendo e alguns até representando a matéria de uma forma mais artística. Faz parte da instrução diferenciada permitir que diferentes produtos sejam reconhecidos como tal. Por fim, é importante que gestores e professores saibam como os alunos se sentem sobre seu próprio processo de aprendizado, como são afetados. Um aluno que sabe como aprende e que vê na instituição de ensino um lugar para ser como é, e no seu professor um parceiro para acessar o conhecimento da sua forma, tende a ser mais satisfeito consigo.
Método da instrução diferenciada pode ser aplicado na sala de aula virtual
FONTE: Answers
É claro que existem críticos da instrução diferenciada. Sem dúvida nenhuma, é um método que exige bastante esforço. No entanto, se professores e instituições de ensino trabalharem juntos na adaptação das matérias, dos currículos, e também no mapeamento dos alunos, tudo fica mais fácil. O primeiro passo é começar pelo aluno, dizem os especialistas de ambos os sites citados acima. Por isso, além de conhecer a história deles, é preciso avaliar os níveis de habilidade e também trabalhar os conteúdos em níveis de complexidade. Toda essa logística precisa ser pensada previamente, para que a instrução diferenciada cumpra seu papel de ajudar o aluno a aprender o que ele necessita e da forma que precisa, e não apenas o que deseja o professor. Dar poder ao estudante é um processo complexo do qual fazem parte professores e instituições.
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