Na última quarta-feira, 6 de agosto, 200 líderes de Instituições de Ensino brasileiras estiveram presentes no Fórum de Lideranças: Desafios da Educação, realizado no Insper, em São Paulo. Em sua terceira edição, o encontro desse ano tinha o objetivo de apresentar soluções inovadoras para o ensino centrado no aluno. Para debater o tema, estiveram presentes Ryon Braga, diretor-presidente da UniAmérica; Carolina da Costa, diretora acadêmica de graduação do Insper; Dale Stephens, fundador da UnCollege; Fábio Reis, diretor da Unisal/Lorena; e Shay David, CRO e fundador da Kaltura. O público ainda pode participar de dois workshops ministrados por Ruy Guérios, da Eniac, e José Francisco Vinci de Moraes, da ESPM.
Ryon Braga, diretor-presidente da UniAmérica
A manhã começou com a fala de Ryon Braga. O diretor da UniAmérica traçou um panorama das últimas mudanças no ensino superior e, também, das que estão por vir. Ele explicou que, na última década, o ensino superior passou por uma reestruturação mercadológica na qual as instituições se fortaleceram e expandiram. Para ele, nos próximos dez anos, veremos uma “reestruturação do ensino e da aprendizagem.” E Ryon Braga já começou a fazer a sua parte.
Depois de muita pesquisa, Ryon resolveu encarar o desafio de “romper com a aula expositiva e a divisão do conhecimento em disciplinas” e montou uma instituição que usa a metodologia de projetos, na qual os alunos aprendem o conteúdo de forma transversal, enquanto desenvolvem projetos em equipes.
Experiências de Aprendizagem: o caso da Uniamérica, por Ryon Braga
Carolina da Costa, diretora acadêmica de graduação do Insper
Em seguida, Carolina da Costa questionou a audiência sobre a real necessidade da introdução de novas tecnologias no ensino. A provocação pretendia trazer a discussão novamente para a questão do aprendizado. De acordo com Carolina, adotar uma tecnologia digital apenas pela inovação não é o suficiente: é necessário avaliar que valor esse método vai agregar no processo de aprendizagem do aluno. No Insper, as avaliações são feitas constantemente com o corpo docente.
Dale Stephens, fundador da UnCollege
Dale Stephens instigou ainda mais a plateia ao questionar a própria necessidade da universidade. O fundador da UnCollege trouxe dados que mostram o baixo desempenho acadêmico e profissional dos egressos do ensino superior. Dale explicou que o grande desafio é tornar a “sala de aula” mais próxima da vida real, para que nela os alunos possam aprender competências necessárias ao mercado de trabalho. Por isso, ele criou a UnCollege e também o programa Gap Year, no qual a pessoa tira um ano de “folga” para viajar, trabalhar, criar projetos e, assim, desenvolver essas competências.
Ao final das apresentações, a jornalista, Sabine Righetti se juntou ao grupo para debater alguns pontos levantados durante as palestras individuais. A discussão focou-se no fato de que as novas tecnologias podem ser grandes aliadas no processo de dar mais autonomia aos estudantes, que ingressam cada vez mais imaturos na universidade.
Após o almoço, os participantes puderam ver, na prática, como funcionam algumas soluções inovadoras e aprenderam a criar projetos transformadores. José Francisco Vinci de Moraes, da ESPM, mostrou como funciona o aplicativo Blackboard Mobile Learn, que, por meio de smartphones e tablets, permite que os alunos respondam questões durante a aula e que sejam monitorados em tempo real. Ao mesmo tempo, Ruy Guérios, da Eniac, explicou à parte do público as etapas de criação de um projeto inovador.
Uso de mobile no ensino presencial: testes, pesquisas e conteúdos, por Professor Chico
Inovação em Aprendizagem e Gestão Educacional de IES
À tarde, foi a vez de Fábio Reis falar sobre as transformações que vem implementando na Unisal/Lorena, principalmente por meio da adoção de algumas metodologias ativas, como peer instruction, personalized learning e flipped classrooms, entre outros. Para que os profissionais estejam sempre atualizados e possam avaliar quais os métodos que, de fato, ajudam no aprendizado dos alunos, a Universidade criou o Laboratório de Metodologias Inovadoras. Mas a ação mais transformadora talvez seja o consórcio que a Unisal firmou com a LASPAU, de Harvard, e mais 22 instituições de ensino superior brasileiras, a fim de capacitar 300 professores nessas metodologias. O consórcio dura três anos, e o compromisso firmado por esses docentes é de que levem esse conhecimento para pelo menos mais três colegas.
Inovação acadêmica e metodologias ativas: o case do Unisal, por Fabio Reis
Para encerrar o encontro, subiu ao palco o fundador da Kaltura, Dr. Shay David, mostrando como o uso do vídeo em sala de aula tem sido – e pode ser ainda mais – uma tendência de inovação no ensino. Um dos exemplos usados por ele é justamente o de colocar a ferramenta na mão do aluno e “botá-lo para trabalhar”. Fazer com que o estudante entregue um trabalho no formato de vídeo faz com que ele se interesse ainda mais pelo processo e aprenda melhor os conteúdos.
Redefinindo a Experiência de Educação com Vídeo, por Dr Shay David
Em um ponto todos os palestrantes concordam: é preciso dar poder de decisão aos alunos e deixá-los mostrar como eles preferem aprender e de que forma aprendem melhor. O uso da tecnologia é mandatório, mas ela é apenas um meio, e por isso tantas metodologias de ensino precisam ser revista. Nessa nova era, o aluno é o centro do processo de aprendizagem: cada um é único e aprende do seu próprio jeito.
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