As inovações trazidas pela Educação 4.0 precisam estar ancoradas em um sistema digital que, além de tornar a aprendizagem mais ativa, mantenha a identidade da instituição de ensino. O caminho para isso passa pela adoção de um Learning Management System (LMS).
Conhecido no Brasil como “ambiente virtual de aprendizagem” (AVA), o LMS é o suporte tecnológico dos métodos de EAD. Esse tipo de plataforma educacional possui diversos modelos, que variam de acordo com o código-fonte (aberto ou fechado) e o custo (gratuito e pago). A escolha da solução correta vai depender do perfil da IES e dos objetivos de utilização da plataforma. Conheça os modelos para determinar o LMS mais adequado à sua IES.
Software de código aberto e gratuito
Sua principal característica é a possibilidade de modificar a linguagem de programação que determina as funções do software. No entanto, a interface é básica e com funcionalidades limitadas.
O LMS livre e gratuito mais popular é o Moodle – que tem um caráter mais colaborativo. As IES participantes da plataforma formam uma comunidade de usuários que aprimoram o serviço, gerando versões constantemente atualizadas.
Esse upgrade, entretanto, só pode ser feito por uma equipe qualificada na área de TI. Significa reserva de investimentos da universidade para a capacitação de pessoal, comparando seu custo-benefício com o das versões comerciais.
As vantagens do LMS de código aberto também incluem a possibilidade de gerar conhecimento em rede e inserir o aluno no ambiente de programação computacional. “Aprender a programar é imprescindível em qualquer área.
O aluno que se ambientar desde cedo com este universo tem mais chances nas profissões do futuro”, afirma Paulo Slomp, professor de Psicologia da Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs).
O filósofo e educador José Moran também defende essa abordagem. Ele acredita que a interação homem-máquina é um fator inevitável. “É preciso ajudar na familiarização com o computador, desde o nível mais básico até o mais avançado”, orienta o ex-professor da Universidade de São Paulo, em um artigo.
Software de código aberto, porém pago
É a versão turbinada do software gratuito. Aqui, a IES conta com o suporte de uma empresa privada – que oferece versões do Moodle com mais funcionalidades e segurança. Isso inclui opções de layout personalizado e otimização para diferentes navegadores e dispositivos móveis, entre outras extensões.
Software de código fechado e pago
O código desses softwares só pode ser alterado pelos fornecedores. Mas as ferramentas oferecem uma série de recursos e suportes adicionais – como maior interatividade, conexão com diversos dispositivos, personalização do ambiente virtual e métricas de desempenho mais abrangentes.
Um dos cases de destaque é o Brainhoney. O sistema funciona basicamente como uma rede social de educação, em que os usuários podem gerenciar conteúdos, além das ferramentas de avaliação. A empresa desenvolvedora deste LMS é a Agilix, parceira da Microsoft em projetos de e-learning. O sistema foi adotado pela DELL e incluído em sua gama de soluções de sistemas escolares.
EAD: prioridade no LMS
O portal do aluno é a identidade de uma IES dedicada à educação a distância. É nesse ambiente que os estudantes se concentram para acessar conteúdos ou interagir com colegas e professores. Assim, a estrutura de LMS tem de sustentar condições para um atendimento qualificado, que valorize o aluno e lhe dê estabilidade e autonomia de navegação.
Outra característica fundamental dos programas de e-learning é a assistência a gestores e docentes. Os softwares devem oferecer funcionalidades como registros de presença e painéis de comunicações – essenciais para a composição das aulas. Os fóruns e chats também são recursos importantes. Eles servem tanto para os alunos explorarem suas ideias quanto para o monitoramento dos professores.
Vale salientar, ainda, a questão do ensino adaptativo. O LMS escolhido deve mapear todas as atividades do usuário na plataforma. Isso inclui o tempo gasto e o desempenho alcançado pelo aluno em diversas atividades – como testes e leitura. Ao cruzarem esses índices, as plataformas conseguem reconhecer perfis de aprendizado e oferecer métodos de desenvolvimento customizados ao perfil de cada discente.
A Geekie funciona assim. O sistema de educação online foi criado em 2011 e conta com uma proposta pedagógica integrada, a partir de práticas de ensino cada vez mais ativas, flexíveis e personalizadas. Entre 2013 e 2016, o método Geekie Games – de trilhas de ensino inspirado nas fases de um jogo de videogame – foi adotado pelo Ministério da Educação para auxiliar os estudantes da rede pública no processo de preparação para o ENEM. A solução chegou a ser utilizada por 20 mil escolas brasileiras nesse período.
O conceito dos games propiciou um alto nível de engajamento dos alunos. Eles passaram em média 57 minutos por dia nas plataformas da Geekie. A permanência média no Facebook, por exemplo, é de 44 minutos.
União de forças
A integração, um dos fatores destacados na plataforma Geekie, pode ser considerada um dos pilares das novas metodologias de ensino. Ou seja, a proposta não é substituir os meios tradicionais por recursos tecnológicos, mas integrar os dois campos.
Na prática, a tecnologia é uma ferramenta a serviço da educação. Os recursos virtuais facilitam a interação, o compartilhamento de conteúdo e os métodos de aprendizado.
Isso não exclui a importância da abordagem presencial e o protagonismo do professor. “O docente não é mais provedor de conteúdos, mas sim um catalisador de reflexões e conexões em um ambiente mais complexo, rico e poderoso para os alunos”, afirma a consultora em tecnologia e educação Martha Gabriel, em um dos trechos de seu livro Educ@r, a (r)evolução digital na Educação.
Assim como o professor, os métodos de avaliação não perdem importância na Educação 4.0. Mas esses modelos também precisam ganhar uma nova abordagem.
Confira a série Educação 4.0
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