Em uma manhã fria de junho, em uma escola como qualquer outra, a professora escrevia fórmulas matemáticas no quadro. Na lousa se desenhava o triângulo-retângulo, com seu ângulo de 90 graus. Escrevia-se sobre um par de catetos para cada hipotenusa e sobre o teorema que Pitágoras usara, vinte séculos atrás, para calcular seus lados.
A turma, concentrada, escrevia freneticamente acompanhando o ritmo da professora. Até que, no fundo da sala, um aluno levanta a mão convicto e pergunta: “Profe, quando eu vou usar isso na minha vida?”.
A pergunta incômoda, com certeza, todo professor de ciências exatas e biológicas já ouviu. O ensino, se deslocado da vida cotidiana, acaba por ser uma sequência de informações decoradas para uma prova e esquecidas logo depois. Mas precisa mesmo ser assim?
Para a consultora em educação Denise Rives, chegou a hora de pensar o ensino do amanhã. “Não podemos mais preparar alunos para o mundo globalizado com métodos de ensino tradicionais”, explica a americana. Rives – que possui 38 anos de experiência em educação pública – é uma entusiasta das metodologias ativas. “A educação baseada em projetos é o futuro da educação”, afirma.
Projetos que ensinam
Denise não está sozinha nesta opinião. O método no qual aposta a autora ganha espaço nas salas de aula ao redor do globo. Hoje, a Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP) é considerada por especialistas como uma das práticas de ensino mais eficazes do século 21.
Criada pelo especialista em ensino ativo Willian N. Bender, a técnica coloca problemas pertencentes à realidade do aluno como base do seu engajamento em sala de aula. Por lidar com problemas e soluções reais, que geram impacto na sua comunidade, estudantes se debruçam sobre o problema munidos do conhecimento que recebem na classe.
Leia também: O que motiva estudantes e professores?
A proposta foi construída durante anos por Bender e lançada no livro Aprendizagem baseada em projetos: educação diferenciada para o século XXI, lançado no Brasil pelo selo Penso. No livro, o autor destaca o estímulo à criatividade e ao trabalho em equipe como fator determinante para o processo de aprendizagem. “A ABP permite que os alunos debatam questões relevantes e resolvam problemas de forma cooperativa”, explica o escritor.
Engajamento é caminho para o sucesso
Esta palavrinha tão presente em tempo de redes sociais ganha cada vez mais espaço nas instituições de ensino pelo mundo. O engajamento, a forma com que os alunos se envolvem com o ensino, é essencial em qualquer meio de aprendizagem.
Na aprendizagem baseada em projetos, a autonomia é o diferencial que atrai. Os alunos são livres para montar, planejar e desenvolver seus projetos, contando com a tutoria dos professores. Além disso, o conteúdo trabalhado deve ser relevante, fazendo surgir nos alunos a curiosidade pelo tema.
Trabalhar estes requisitos não só foma alunos mais dedicados e independentes. A aprendizagem baseada em projetos é uma escola de líderes, que forma profissionais mais capazes de encontrar problemas e desenvolver soluções. No século dos empreendedores, a escola ganha protagonismo na descoberta e lapidação de talentos.
Saiba mais:
Em Aprendizagem baseada em projetos: educação diferenciada para o século XXI, William N. Bender apresenta diretrizes práticas para a implementação da ABP com base em aplicações atuais
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